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Covid-19 revelou autarcas/feitores de quintas, quintinhas e quintais

Com a pandemia acentuou-se o que já se sabia sobre o caciquismo nacional. Presidentes de câmara respiraram de alívio, deixaram de fingir que se interessam por projectos e colaborações intermunicipais, fecharam os portões das suas quintas, quintinhas e quintais e mostraram, sem vergonha e até com orgulho, a sua vergonhosa costela de pequenos ditadores e feitores.
Conferências de imprensa e comunicados a mostrar que os seus concelhos eram zonas livres de infecções com coronavírus; ginásios e mais ginásios cheios de camas de campanha com uma cadeirinha ao lado. Infelizmente sem penico nem cabide para a roupa e até pacóvios cartazes a proibir a entrada a forasteiros, revelaram o que pode vir a ser o país se o poder cai nas mãos desta gentinha.
Se dúvidas ainda existissem sobre a desgraça que será a implementação de uma regionalização ficaram esclarecidas de uma vez por todas. Um autarca é, salvo raras e honrosas excepções, um ditadorzeco de vistas curtas disposto a reprimir quem não lhe teça loas (eles chamam-lhe críticas construtivas). O bafio do Portugal salazarento, orgulhosamente só, está em cada pequeno poder do país.
Os bufos de outrora lambem-lhes as botas, agora nas redes sociais, com exclamações de fantástico, maravilhoso e espectacular. E os sacripantas derretem-se todos perante comentários tão amanteigados, convencendo-se que, por conseguirem pagar votos suficientes para serem reeleitos até ao limite dos mandatos, são os melhores do mundo.

Fernando de Carvalho

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