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Deputados apertaram com Luís de Sousa  por causa do aterro de Azambuja
Parlamentares quiseram ouvir da boca de Luís de Sousa que responsabilidades teve na instalação do aterro

Deputados apertaram com Luís de Sousa  por causa do aterro de Azambuja

Autarca de Azambuja foi chamado à Comissão Parlamentar de Ambiente e confrontado com questões incómodas por parte de alguns deputados. Do licenciamento do aterro às falhas na fiscalização houve respostas a ficar pelo caminho.

O presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, enfrentou na Assembleia da República uma dura audição da Comissão Parlamentar de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território sobre o aterro de resíduos não perigosos, situado em Azambuja, gerido pela empresa Triaza. O autarca voltou a defender o encerramento daquela infra-estrutura, mas acabou questionado pelos deputados dos vários grupos parlamentares sobre o seu envolvimento ao longo de todo o processo de instalação e laboração do aterro.
A deputada Filipa Roseta (PSD) foi quem fez as perguntas mais bicudas, quando quis saber “como é que acharam boa ideia pôr um aterro a menos de 500 metros de populações e em cima de um lençol freático”. E lembrou que as câmaras municipais têm responsabilidades nos processos urbanísticos, questionando como foi possível deixarem avançar o licenciamento.
“O licenciamento [urbanístico] fui eu que autorizei para recomporem a parte que já existia. Quanto ao resto, não é a câmara que licencia o funcionamento do aterro. Foi a CCDR (Comissão de Coordenação Regional) com pareceres da APA (Agência Portuguesa do Ambiente)”, respondeu o autarca. Recorde-se que Luís de Sousa já estava no executivo, como vice-presidente, quando foi votada e aprovada a declaração de interesse público municipal para que naquele local pudesse vir a ser instalado um aterro.
Filipa Roseta questionou ainda se essa “licença que a CCDR emitiu está ou não de acordo com o PDM (Plano Director Municipal)” que, lembrou, não é revisto desde 1995. Sobre isso Luís de Sousa respondeu com um inconclusivo “talvez”. “Foi aprovado o interesse público municipal, logo ultrapassou todas essas barreiras”, disse. A área de implantação do aterro, inicialmente de 4,5 hectares, está dispersa por 16 hectares e em funcionamento está, para já, somente uma das três células autorizadas.

Autarca diz que não há rigor nas fiscalizações
O deputado socialista João Nicolau foi mais brando no questionário e aproveitou para lembrar que o Governo tem em marcha a Revisão do Regime Geral da Gestão dos Resíduos e o diploma que regula a deposição em aterro, estando apostado em reforçar as inspecções. À pergunta se, aquando do licenciamento, o autarca tinha noção do impacto que o aterro iria causar, Luís de Sousa respondeu: “Se calhar enganei-me. Aquilo que tem sido feito em Azambuja não é nada daquilo que fui ver [num aterro] em Leiria”.
Na sua intervenção, o deputado do Bloco de Esquerda, Nelson Peralta, além de afirmar que “é errado o PDM permitir um aterro tão próximo da população”, quis saber se o autarca tem informação sobre os resultados de auditorias àquele aterro.
Na resposta, Luís de Sousa acusou a APA e a CCDR de não fiscalizarem devidamente, dizendo que “não é com papéis debaixo do braço que se fazem inspecções”. Sobre as auditorias, referiu ainda que a resposta daquelas entidades é de que está tudo em conformidade com a lei.
Depois de ouvir as várias intervenções, Nelson Peralta notou ainda que tanto deputados como o presidente de câmara e serviços municipais foram impedidos de entrar no aterro, “o que mostra bem como as empresas privadas que gerem um serviço público têm um enorme problema com a transparência e a democracia”.

Deputados apertaram com Luís de Sousa  por causa do aterro de Azambuja

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