Visita de estudo cancelada deixa pais e agência de viagens às turras
Pais pedem a devolução do valor pago pela viagem à Irlanda que não se chegou a concretizar. A agência diz que está a proceder aos reembolsos “na medida do possível” e apela à calma.
A visita de estudo a Dublin dos alunos do 8º ano da Escola Sá da Bandeira, em Santarém, prevista para 26 a 29 de Março, foi cancelada e alguns pais ainda não conseguiram reaver o dinheiro junto da agência de viagens Omnitur. Os contactos com a agência para cancelamento da viagem à Irlanda, devido à pandemia de Covid-19, tiveram início a 11 de Março. Os pais pediam para ser ressarcidos de “algum valor” do total de 585 euros pago por cada estudante.
Depois de várias trocas de emails entre os encarregados de educação a e Omnitur - Agência de Viagens e Turismo, Lda., chegou-se a acordo que o montante seria devolvido, à excepção de 77 euros, correspondentes ao valor do seguro e às despesas de gestão do processo.
Após várias semanas foi então pedido aos pais que optassem pelo modo de restituição que tanto poderia ser a emissão de um vale como a devolução do montante por transferência bancária. A grande maioria optou pela devolução do dinheiro, mas o tempo foi passando e poucos dos cerca de cinquenta pais confirmaram ter recebido o montante. Estranhando a demora, os pais voltaram a contactar a agência que, dessa vez, respondeu com o envio de email a todos os encarregados de educação mencionando que a verba ficaria retida e disponível em vale para viagem futura.
A emissão de um vale está prevista no Decreto-Lei nº 17/2020 de 23 de Abril, que estabelece as medidas excepcionais e temporárias relativas ao sector do turismo, no âmbito da pandemia da doença Covid-19. Os pais têm disso conhecimento. O seu descontentamento deve-se ao facto de a agência ter assumido, numa primeira fase, o pagamento em dinheiro, que chegou a efectuar a alguns pais, e vir depois apresentar nova proposta.
A 20 de Maio a Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola Secundária Sá da Bandeira reuniu com a agência de viagens e José Paulo Baptista comprometeu-se a entrar em contacto com todos para aferir quem optava por receber o dinheiro e quem preferia receber um vale de igual valor, a ser utilizado mais tarde.
Reembolsos estão a ser feitos “na medida do possível”
José Paulo Baptista confirma a O MIRANTE que a grande maioria dos pais optou pela devolução do dinheiro. Até ao início desta semana tinham sido feitas cerca de uma dezena de transferências. “Os reembolsos estão a ser feitos à medida que é possível”, refere o proprietário da agência, “não por falta de dinheiro, mas por falta de pessoal, uma vez que a agência aderiu ao lay-off e tem poucos funcionários no activo”.
De acordo com José Paulo Baptista houve situações mais graves que tentaram resolver em primeiro lugar, como conseguir trazer de volta clientes que foram apanhados pela pandemia em África. O responsável não se compromete com uma data para dar por encerradas as transferências, mas compromete-se a fazê-las na totalidade. “A Omnitur já tem 36 anos, não quero manchar o seu bom nome com um caso destes”, refere.
Carta ao Ministério da Educação
Jorge Calvário, um dos pais, residente em Santarém, diz que ainda não foi contactado por ninguém da Omnitur, e sempre que tenta ligar ninguém atende. Refere que fez o esforço para pagar a viagem e agora sente-se defraudado. Também Ana Silva, mãe residente em Alcanhões, confirma que não foi contactada. Tem quatro filhos e teve que fazer um esforço adicional para conseguir pagar a viagem da filha. Agora gostaria que o dinheiro lhe fosse devolvido. A Associação de Pais e Encarregados de Educação da Sá da Bandeira, enviou, entretanto, uma carta ao Ministério da Educação, onde expõe o problema e apela à sua resolução com brevidade.