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Formação musical é caso de sucesso na região

Ensino oficial da música tem vindo a aumentar significativamente na região Ribatejana.

O Dia Europeu da Música, criado em França no ano de 1982, para levar músicos e música para as ruas, é celebrado a 21 de Junho, altura do solstício de Verão. Em Portugal as celebrações não são muitas e há mesmo pessoas ligadas à música e ao ensino da música que desconhecem a sua existência e referem celebrar apenas o Dia Mundial da Música no primeiro de Outubro. O MIRANTE visitou três conservatórios situados na sua área de influência, mas ao longo dos anos tem dado a conhecer outros.

Maria Beatriz Martinho garante que instituição está de boa saúde financeira

Conservatório de Santarém vai criar uma nova orquestra

Instituição com 35 anos de existência vai, no próximo ano lectivo, oferecer aulas para mais cinco instrumentos musicais: o fagote, a tuba, a trompa, o contrabaixo e a violeta.

Criar, no próximo ano lectivo, uma nova orquestra que albergue todos os instrumentos musicais que são ensinados no Conservatório de Música de Santarém e que inclua executantes jovens e adultos, é uma das iniciativas da instituição que celebrou 35 anos no dia 17 de Maio, e que, segundo a presidente da direcção, Maria Beatriz Martinho, está de boa saúde financeira.
Actualmente apenas se realizam aulas à distância devido à pandemia, mas a dirigente garante que o Conservatório de Música de Santarém se adaptou bem às novas exigências. Um dos exemplos dessa adaptação foi a criação do primeiro concurso online dos alunos do departamento de teclas e acordeão e o primeiro concerto em famílias, para comemorar o Dia da Família, a 17 de Maio.
“Queremos crescer com dignidade e qualidade e não deixar que nenhuma criança que nos procure, fique excluída só porque os pais têm dificuldades financeiras. Não fechamos as portas a ninguém”, garante.
Maria Beatriz Martinho explica que, neste momento, os instrumentos musicais com mais alunos inscritos são o piano e a guitarra, não por estarem na moda, mas por haver muitos jovens que têm aqueles instrumentos, por pertencerem a familiares.
Sócia fundadora do Conservatório e presidente da direcção há 19 anos, diz que a instituição vai arriscar e, no próximo ano lectivo, vai passar a ter aulas de mais cinco instrumentos musicais: o fagote, a tuba, a trompa, o contrabaixo e a violeta. O intuito é enquadrar depois esses alunos numa nova orquestra que irá nascer.
Música até aos lares e centros de dia do concelho
Um dos projectos que o Conservatório de Música de Santarém começou o ano passado e pretende continuar é o projecto “Sons da Memória” que leva os professores a proporcionarem momentos musicais nos lares e centros de dia do concelho. Uma iniciativa que teve muita adesão e que só parou em Março devido à situação de pandemia da Covid-19.
O Conservatório de Música de Santarém nasceu há 35 anos por um grupo de amigos que queria implementar o ensino da música na cidade tendo-se constituído como cooperativa sem fins lucrativos. A autorização definitiva de funcionamento foi concedida em 1994 pelo Ministério da Educação. Foi já em Outubro de 2011, passado alguns anos de conversações com o município, que a instituição mudou de instalações do Centro Cultural de Santarém para o Palácio João Afonso, perto do Teatro Sá da Bandeira, em Santarém.
Nessa altura teve um grande crescimento passando de uma centena de alunos para os cerca de 500 actuais. A idade dos alunos varia entre os 3 e os 82 anos. O corpo docente engloba 43 professores. No total, o Conservatório de Música de Santarém oferece ensino da música para 23 instrumentos, em ensino articulado, desde o curso básico até ao secundário do ensino oficial.
Também, desde que se passou para as novas instalações, a instituição alargou a oferta formativa ao ensino de dança contemporânea e ballet, com a atribuição de Prémios de Desempenho atribuídos pela American Academy of Ballet de Nova Iorque. Há ainda outras valências que a instituição tem oferecido, como música para bebés, o coro infantil e do conservatório, o ensemble (conjunto) de guitarra, de cavaquinhos ou de saxofones, a oficina de composição e ateliers de Verão.

Mónica Martins com Ivo Fialho, aluno do conservatório, e uma das professoras de piano, Lali Asanashvili

Música não deve ser uma linguagem elitista e só ao alcance de alguns

Para além da música o Conservatório Regional Silva Marques, de Alhandra, tem dança

“Ainda prevalece no meio musical uma ideia de elitismo que tem de acabar. A linguagem musical deve ser única, universal e acessível a todos”. A ideia é defendida por Mónica Martins, professora de formação musical e directora pedagógica do Conservatório Regional Silva Marques (CRSM) de Alhandra, no concelho de Vila Franca de Xira.
“Ainda há também uma ideia elitista que os músicos não devem tocar em qualquer lado. Defendo o contrário. Podemos e devemos tocar seja em que sítio for desde que com dignidade. Se as pessoas não vêm ao encontro da música entendo que deve ser a música a ir ao encontro delas”, explica a O MIRANTE.
O Conservatório de Alhandra tem as portas abertas a quem queira aprender música, desde os 3 meses – na classe de bebés – até à idade adulta. “Nas aulas livres mesmo quem tenha 70 ou mais anos pode vir aprender música”, sublinha Mónica Martins. O conservatório tem hoje 450 alunos divididos entre os cursos de música e dança.
A formação musical continua a ser a disciplina que os alunos menos gostam. “Este ano reestruturámos essa disciplina para fugirmos aos programas dos anos 70 que ainda estão a ser dados. Queremos que esteja ao serviço da disciplina de instrumento e das classes de orquestra e coro e não continue a ser vista pelos alunos como a matemática da música. Eles não gostam de aprender algo que não entendem para que serve”, explica.
O CRSM tem 24 anos de existência e alguns cursos são financiados pelo Ministério da Educação. Os alunos que frequentam o ensino básico representam o grosso da camada formativa. Guitarra, piano, violinos e flauta transversal são os instrumentos mais solicitados. Mas no conservatório de Alhandra estão disponíveis todos os instrumentos que os alunos sonhem aprender.
“A música ensina os jovens a terem maiores capacidades de comunicação. Acima de tudo o que interessa é que sejam felizes e se possam tornar melhores adultos no futuro”, conclui a responsável.
No confinamento derivado da pandemia as aulas foram dadas pela internet, o que representou um desafio. “Sentimos desafios e diferenças que o resto do ensino não sente, sobretudo relacionado com o som, que não chega a nós em tempo real. Implicou um aumento do trabalho por parte de professores e alunos”, nota. Até 26 de Junho estão a decorrer as inscrições para quem deseje frequentar o próximo ano lectivo do conservatório, nas classes de música e dança.

Júlio Clérigo preside à direcção da instituição

Escola de Música Choral Phydellius é um símbolo de Torres Novas

Na Escola de Música Choral Phydellius o ambiente é de grande silêncio ao contrário do habitual. A escola ainda não retomou as aulas presenciais, canceladas devido à pandemia, apesar de não estar parada. As aulas, teóricas e práticas, são ministradas pelos professores através de plataformas online. As rotinas foram alteradas mas nem por esse motivo quem tem a paixão pela música baixou os braços.
“Tudo isto foi uma experiência nova para todos mas adaptámo-nos com uma facilidade surpreendente uma vez que todos, docentes, pais e acima de tudo alunos, encararam esta nova realidade com grande vontade de continuar a aprender e a fazer”, diz o presidente da direcção, Júlio Clérigo.
A escola, com ensino oficial, só não tem mais alunos do que os actuais 250 alunos porque não pode. A lista dos que ficam de fora é considerável devido aos números impostos pelo Ministério da Educação. “Temos uma equipa fantástica e por isso temos esta qualidade reconhecida por toda a comunidade torrejana e não só”, explica o dirigente. “Há muitos alunos que seguem para o ensino superior depois de passarem pela escola de música de Torres Novas e que regressam como professores.”
Para Júlio Clérigo a melhor publicidade é o trabalho que é feito. “O nosso coro, por exemplo, sempre foi muito conhecido e isso fez com que avós colocassem os filhos no coro, depois na escola e agora até os próprios netos já frequentam. Somos uma escola multi-geracional”, sublinha.
Aquilo que distingue esta escola de outras é haver uma grande ligação orgânica entre professores, alunos, coralistas e toda a sociedade. “O Choral Phydellius é já uma grande marca de Torres Novas, o que é fundamental para o sucesso. Tem um carácter muito familiar”.
Apesar das instalações cedidas pela câmara, que eram um velho armazém que a autarquia recuperou para instalar a Escola de Música, o sonho de Júlio Clérigo passa exactamente por ter as melhores condições possíveis para oferecer ao corpo docente e aos alunos. “Um espaço dotado de condições acústicas e climáticas de maior dimensão era um sonho que gostaria de ver realizado. Não estamos mal, mas poderíamos estar melhor”, afirmou.
O Choral Phydellius foi fundado em 17 de Maio de 1957 e iniciou a sua actividade como coro masculino dedicando-se exclusivamente à interpretação de Música Sacra. Em 1961 adopta uma formação mista. Em 1975 a instituição passa a contar com uma Escola de Música cuja oficialização em 1993 foi concedida pelo Ministério da Educação.
Actualmente, está habilitada a ministrar cursos oficiais, básicos e secundários de vários instrumentos. A par dos cursos oficiais assegura também o ensino a classes infantis dos âmbitos etários e escolares correspondentes ao pré-escolar e ao primeiro ciclo do Ensino Básico. Desde 1989 que alcançou o estatuto de Instituição de Utilidade Pública.

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