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Demoliram-lhe a casa com os móveis lá dentro
Dina Mendes espera que a câmara lhe dê uma indemnização

Demoliram-lhe a casa com os móveis lá dentro

Proprietária de edifício degradado que foi demolido em Santarém queixa-se que a câmara não a avisou nem lhe deu tempo para retirar os seus pertences permitindo mandar abaixo o imóvel com o recheio no interior.

Dina Mendes, moradora e dona de um prédio que foi recentemente demolido no Largo Mem Ramires, em Santarém, diz que perdeu quase todos os pertences que se encontravam no interior do edifício. A reformada, de 85 anos, diz que a Câmara de Santarém mandou demolir o prédio sem aviso, não lhe dando tempo para retirar mobiliário e outros artigos.
A moradora, que tem outra casa na vizinha Rua 15 de Março, refere que só soube da demolição do prédio - que tinha sido desocupado no dia 4 de Junho, por razões de segurança - através de um vizinho quando os trabalhos já estavam em curso. Emocionada com a situação, Dina Mendes alega que o prédio não estava em risco de ruir e que no seu interior estava tudo arranjado.
Versão diferente tem a Câmara de Santarém, que identificou o prédio como estando em risco de ruína, pelo que procedeu ao despejo dos seus moradores por razões de segurança. A vereadora Cristina Casanova lembra que o processo referente à degradação do imóvel e a necessidade de ali serem efectuadas obras já vinha de 2008. E afirma que a proprietária do prédio foi notificada atempadamente do despejo e devia ter precavido a retirada dos seus pertences.
Segundo diz a vereadora, no próprio dia do despejo, 4 de Junho, caíram alguns pedaços da estrutura que obrigaram ao avanço das máquinas na madrugada seguinte, para evitar uma derrocada descontrolada e os riscos que daí podiam vir para pessoas e bens. Cristina Casanova diz ainda que não teve conhecimento que a proprietária tenha pedido ajuda à autarquia para tirar alguns dos seus pertences.

Caso pode acabar em tribunal
“Tinha uma salinha com móveis maravilhosos. Nos cinco quartos ficaram camas, guarda-vestidos, roupas, ficou tudo”, diz Dina Mendes em lágrimas. Só houve oportunidade, adianta, do genro retirar algumas roupas, cristais, pratos em loiça, discos antigos, uns retratos e trinta euros. “Eles não deviam ter feito isto nem me ter colocado de lá para fora, porque era senhoria da casa. Fizessem o que quisessem aos de baixo, agora a mim não”, lamenta. Recorde-se que uma família de 13 pessoas, que vivia no piso inferior, também foi despejada do imóvel por razões de segurança.
Marta Araújo, filha adoptiva com quem Dina Mendes está a viver, explica ao nosso jornal que tudo começou mal desde início. O edital referia que haveria um despejo e a informação que tinham era que seria apenas realizado o emparedamento do edifício. Depois, no dia do despejo, a mãe não contou com a ajuda de ninguém da câmara para retirar os pertences e, para terminar, no dia seguinte acabaram por demolir o prédio sem avisar nem dar qualquer explicação.
“Abordei o senhor da máquina e chamei ao local a PSP, mas em vão”, adianta Marta Araújo. Refere ainda que desde então tem contactado o município para saber onde estavam a despejar o entulho e se seria possível ir lá recuperar alguns bens mais preciosos, como peças em ouro.
Com o caso a ser agora acompanhado por um advogado a reformada pede que o município a indemnize por tudo o que perdeu.

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