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“Ainda existe o estigma de que quem frequenta o ensino profissional sabe menos”
Andrea António está envolvida no projecto de reconstrução do histórico Bairro Camões

“Ainda existe o estigma de que quem frequenta o ensino profissional sabe menos”

Andrea António, sub-directora da Escola Profissional Gustavo Eiffel, no Entroncamento. Andrea António tem 37 anos e foi aluna do curso de construção civil na Escola Profissional Gustavo Eiffel, no Entroncamento. No final dos três anos de curso licenciou-se em arquitectura, uma grande paixão. Foi convidada para dar aulas no pólo da escola em Lisboa e conciliou esse trabalho com outro num gabinete de arquitectura. Há seis anos regressou à escola onde estudou, desta vez para dar aulas. Há cerca de quatro anos é sub-directora do estabelecimento escolar. Diz que não consegue abdicar das duas profissões porque é assim que é feliz. Há seis anos nasceu o seu filho, Pedro, que mudou a sua vida para melhor. Gostava de regressar aos Açores e pretende conhecer São Tomé e Príncipe.


Tive professores que marcaram a minha vida e contribuíram muito para aquilo que sou. Achei que dando aulas conseguiria fazer pelos meus alunos o que fizeram por mim. Por isso, durante alguns anos, conciliei a profissão de professora com a arquitectura, uma grande paixão. A vida mudou e actualmente sou sub-directora da Escola Profissional Gustavo Eiffel, o que me traz muitos desafios diariamente.
Sempre fui apaixonada por arquitectura. Tirei o curso de construção civil na Escola Profissional Gustavo Eiffel no Entroncamento e licenciei-me em arquitectura. Quando me convidaram para dar aulas não consegui desligar-me da arquitectura. Actualmente, estou envolvida no projecto de construção do Bairro Camões, um dos bairros históricos do Entroncamento, que estava abandonado. Dá-me um imenso prazer ajudar a melhorar a minha cidade.
Um professor tem que perceber muito bem com que aluno está a lidar, para conseguir tirar o melhor dele. Não é fácil manter os jovens motivados para a escola mas a vantagem do ensino profissional é que as aulas são muito práticas. Eles aprendem como se faz e estão preparados tanto para o mercado de trabalho como para continuar a estudar no ensino superior.
Ainda existe o estigma, errado, de que quem frequenta o ensino profissional sabe menos. Pelo contrário. São alunos que sabem o que querem e estão desde o primeiro ano a aprender como se fazem as coisas na área que escolheram. Quando entram no mercado de trabalho estão preparados para a profissão. 92% dos nossos alunos ou estão a trabalhar ou prosseguiram os estudos. Qualquer um dos nossos alunos que queira trabalhar só não tem trabalho se não quiser.
Não troco o Entroncamento por Lisboa. Trabalhei em Lisboa vários anos e ia e vinha de comboio todos os dias. É uma viagem rápida. Demoro tanto tempo a chegar como quem vai de Sintra ou Cascais para Lisboa e não tenho que me preocupar em estacionar. Mas aqui há muito mais qualidade de vida. O meu local de trabalho é no campo, com sossego, e não há melhor do que isso.
Cozinhar é uma terapia onde aproveito para desligar do trabalho. Gosto muito de cozinhar. A minha especialidade é bacalhau à brás. Lá em casa todos gostam da minha comida e aproveito esse momento para descomprimir do stress do dia de trabalho. É um tempo que tenho para mim e fico contente quando os outros gostam do que cozinho. Não sou adepta de desporto mas gosto de caminhar. Ajuda a refrescar a cabeça.
Desde que o Pedro nasceu, há seis anos, a vida mudou para melhor. O nascimento de um filho muda toda a nossa vida. Tudo passa a girar em função dele. Continuo a fazer o mesmo que fazia antes mas agora o meu filho está incluído, vai connosco para todo o lado.
Adoro praia e este ano as férias vão ser junto ao mar. Com todos os cuidados que são necessários, mas como vivo no campo preciso de ver o mar e apanhar a brisa marítima. Adoro viajar e gostaria de voltar aos Açores. As ilhas têm paisagens únicas e deslumbrantes. Gostava de conhecer São Tomé e Príncipe. É uma viagem que, por agora, tem que ser adiada mas que vou querer fazer.
Dar aulas durante a pandemia não foi fácil porque os alunos queriam vir para a escola. Conseguimos criar uma rede digital em pouco tempo, o que nos permitiu trabalhar com os alunos através de casa. Houve alunos que se afastaram um bocadinho porque não gostam de estar em casa a ter aulas através de um computador. Compreendo-os porque eles vêm para escola não só para aprender mas também para estarem com os amigos. Ter que ficar em casa foi difícil para todos.

“Ainda existe o estigma de que quem frequenta o ensino profissional sabe menos”

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