Leio com muita frequência que esta ou aquela empresa ou autarquia, ou partido, ou Governo ou outra qualquer instituição ou figura pública aposta nisto ou naquilo. Comecei por pensar que era um daqueles chavões dos jornalistas, mas a pouco e pouco percebi que são as próprias organizações que cada vez mais usam o termo.
Quem contaminou quem, não sei, nem importa muito. O que temos é um país e, no caso que mais me interessa, uma região transformada numa casa de apostas onde todos apostam em tudo e mais alguma coisa. Apostam e, na maior parte dos casos, perdem. Não acertam embora, como acontece nos jogos Santa Casa, o perder não seja notícia.
A câmara aposta a candidatura a fundos comunitários, os agricultores apostam na cultura do nabo, a associação aposta no ensino do pífaro, o restaurante aposta na chanfana de rabos de bacalhau, a padaria aposta no atendimento personalizado...como se antes o atendimento fosse, sei lá, toda a gente a gritar ao mesmo tempo, pedindo papo-secos, broas de milho e pães de Rio Maior bem cozidinhos.
Em vez de apostarmos tanto devíamos concretizar mais. E, já agora, em vez de termos coisas que são projectos e que nunca passam de projectos, pois ao fim de vinte anos ainda são referidos como o projecto tal e tal, devíamos ter obras feitas e sobretudo úteis. Já há sonhos, apostas e projectos que cheguem!
Maria Jacinta Morais Costa Carneiro