A Câmara de Santarém não aceitou a pintura de um mural de homenagem a Bernardo Santareno na rotunda junto ao Politécnico de Santarém, por considerar que a obra proposta pela organização do Pictorin - Encontro Internacional de Artistas Plásticos não era a mais indicada para o local. A criação artística do pintor João Domingos acabou por ter como tela uma parede das traseiras da Escola Superior de Educação de Santarém (ESES), situada nas proximidades.
A decisão do município não caiu bem no meio artístico e chegou mesmo a ser classificado como um acto de censura, o que é refutado pelo município. Na última reunião de câmara, a vereadora da Cultura, Inês Barroso (PSD), referiu que a autarquia mantém a intenção de usar a parede em betão que delimita o Santarém Hotel, junto à rotunda do Politécnico, para acolher um mural do escritor nascido há cem anos em Santarém.
“Nunca dissemos que a proposta que nos foi apresentada não tinha qualidade. Não houve nenhuma esquisitice da nossa parte, mas pretendemos uma proposta diferenciadora e que evidencie a importância que damos a Bernardo Santareno”, afirmou Inês Barroso. Também o presidente da câmara, Ricardo Gonçalves (PSD), referiu que o espaço continua disponível para ser “uma tela de arte sobre Bernardo Santareno”.
Entretanto, alguém escreveu no muro junto à rotunda do Politécnico, em jeito de contestação, a frase de Bernardo Santareno que integra o mural entretanto exposto na ESES: “Lutem para que o fascismo não torne a acontecer neste país”.