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Primeiros vacinados no Centro de Saúde de São Domingos não vêem família há muito tempo
Luís Galache e Felix Lobelo foram dos primeiros a receber a vacina em Santarém

Primeiros vacinados no Centro de Saúde de São Domingos não vêem família há muito tempo

Campanha de vacinação no Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíria iniciou-se a 29 de Dezembro no Centro de Saúde de São Domingos, em Santarém, com um enfermeiro e um médico, ambos estrangeiros, e uma auxiliar portuguesa. O coronavírus tem afastado os profissionais de saúde da família e causado medo, mesmo a quem está habituado a situações graves.

Luís Galache, 61 anos, enfermeiro no Centro de Saúde de São Domingos, não vê a família há um ano. Foi passar o Dia de Reis ao seu país Natal, em Espanha, e não imaginava que um vírus viesse pôr o mundo do avesso, com muitas restrições desde Março. A trabalhar na unidade de saúde de Santarém há seis anos, foi o primeiro profissional do Agrupamento de Centros de Saúde da Lezíria a ser vacinado contra a Covid-19.
O ambiente no edifício do centro de saúde era tranquilo, com poucos pacientes, mas com todos os profissionais animados por presenciarem um momento importante. Numa sala é feita uma consulta para se perceber se a pessoa está apta a ser vacinada. Avança-se por um corredor até às salas destinadas à administração da vacina. Numa delas, a enfermeira Maria João Menezes prepara as doses. Confessa-se feliz por iniciar o processo de vacinação. “Este é um momento que muitos esperávamos”, refere. Luís Galache tira a camisa e apronta-se para a picada da agulha, que diz não lhe ter feito sentir qualquer dor.
Antes de levar a primeira dose da vacina, o enfermeiro confessa a O MIRANTE estar num misto de ansiedade e emoção. “Este momento é o culminar de muitos meses difíceis. É o início do fim. Agora vislumbramos uma saída para esta pandemia que nos roubou tanta coisa”, desabafa salientado que está esperançado que vai conseguir ultrapassar a pandemia. Pensando na família só vê a hora de voltar a abraçar os que lhe estão próximos. O mais difícil, recorda, foi durante o primeiro confinamento, em Março, ver as ruas vazias e o comércio fechado.
Na sala ao lado Felix Lobelo, médico de saúde pública no ACES Lezíria, apronta o braço para a vacina. É colombiano e está em Portugal desde 2011. Foi o primeiro médico da unidade de saúde a ser vacinado, mas isso não é importante. “O que importa é sermos todos vacinados para atingirmos imunidade de grupo”, afirma. Não visita a família, que vive toda na Colômbia, desde 2014 e as saudades são muitas. Falam quase todos os dias através de videochamadas. A sua preocupação tem sido grande para saber se os seus parentes estariam infectados. Até agora, diz, tem corrido tudo bem.
A assistente operacional Lénia Martins confessa ser uma honra ser das primeiras vacinadas. Admite que os últimos meses foram muito difíceis com muitas horas longe da família. “Todos juntos vamos conseguir e hoje podemos dizer que vimos uma luz ao fundo do túnel”, desabafa. Todos vão ter que levar uma nova dose da vacina dentro de três semanas. As indicações da Direcção-Geral de Saúde são que não devem ser vacinados apenas médicos e enfermeiros mas todas as pessoas que estão ao serviço das unidades de saúde. No primeiro dia foram vacinados 75 profissionais de saúde.

Carlos Ferreira

Director emociona-se

O director do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) da Lezíria, Carlos Ferreira, não conteve as lágrimas no primeiro dia da vacinação no Centro de Saúde de São Domingos, em Santarém, na manhã de terça-feira, 29 de Dezembro. Considerou-se um homem feliz por estar a viver um dia especial. “O único receio que tenho é que se extinga uma civilização e a espécie humana. Com esta vacina existe quase a certeza que vamos entrar num mecanismo de controle da pandemia”, afirmou, acrescentando que os profissionais de saúde também são humanos e como tal também tiveram medo.
Carlos Ferreira não foi vacinado uma vez que não é profissional de saúde. Quando chegar a sua vez garante que vai querer ser vacinado. Na primeira semana de Abril, oito dos nove elementos da direcção do ACES ficaram de quarentena. Carlos Ferreira foi o único a trabalhar. Esteve uma semana sem ver a família. Confessa que têm sido momentos difíceis. “Não é possível programar o trabalho e agendar consultas quando a execução é quase inviável porque nunca sabemos o dia de amanhã. Nos últimos cinco anos fomos o agrupamento com melhores resultados. Este ano houve uma destruição de tudo o que fizemos nos últimos anos”, sublinha. Carlos Ferreira almeja chegar ao Verão com todas as rotinas restabelecidas.

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