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Abdicar do ordenado para conseguir pagar aos empregados
João Ferreira explora a pastelaria Flor da Lezíria no centro de Vila Franca de Xira há seis anos

Abdicar do ordenado para conseguir pagar aos empregados

O dono da pastelaria Flor da Lezíria, em Vila Franca de Xira já não tira ordenado para si para ver se consegue pagar os ordenados aos funcionários, aguardando que o Estado pague ainda uma parte dos apoios do ano passado.

João Manuel Ferreira está a controlar os custos e a tentar sobreviver com o estabelecimento fechado e a pensar nos empregados abdicou do seu rendimento mensal para pagar os ordenados aos funcionários. O dono da pastelaria Flor da Lezíria, em Vila Franca de Xira, tem três empregados e uma conta bancária com cada vez menos dinheiro, porque vai gastando as reservas para manter os vencimentos em dia. “Não estamos a ter um cêntimo de receita, vou vivendo do que amealhei”, confessa a O MIRANTE.
Aos 64 anos, João nunca pensou viver o dia em que esta situação se abatesse sobre o seu negócio. Ficou com a Flor da Lezíria há seis anos e quando as condições económicas estavam a melhorar a pandemia forçou toda a gente a recomeçar quase do zero. João confessa que já dorme mal de noite. “Tenho vivido muito mal e com dificuldades. Penso nos meus trabalhadores, nos clientes. É tudo uma bola de neve, se não houver consumo não posso comprar aos meus fornecedores e eles já se queixam do mesmo que nós”, lamenta.
Em Março de 2020, aquando do primeiro confinamento, João conseguiu resistir e candidatou-se ao regime de lay-off simplificado, uma medida a que pondera vir a concorrer novamente. “Infelizmente da pandemia de Março ainda estou à espera que o Governo pague o que prometeu. Estão a dever-nos um mês”, nota. Apesar de ser um homem optimista, a verdade é que não descarta a possibilidade de abandonar o negócio. “Não há quem aguente esta situação, nem eu nem os meus colegas. A pessoa sente-se impotente para vencer isto. É uma angústia que se instala em nós”, confessa.
Além deste novo fecho forçado está ainda na memória um 2020 que não chegou nem de perto nem de longe para as despesas. “Não se fez o Colete Encarnado que era um balão de oxigénio e este ano certamente também não se fará. As pessoas não conseguem aguentar assim e é o sufoco completo”, lamenta. João acredita que logo que o confinamento termine os vilafranquenses vão novamente apoiar o comércio local. Diz que a medida de encerrar os restaurantes e cafés não é solução e que não há outros negócios onde as medidas de segurança tenham sido levadas tão a sério como na restauração. “É inadmissível irmos a um supermercado e ver as pessoas a monte como se não se passasse nada”, desabafa.

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