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Avó chora morte dos netos mas diz que já perdoou a filha
foto DR Choque frontal contra um muro foi fatal para as duas crianças

Avó chora morte dos netos mas diz que já perdoou a filha

Sofia queria estar sozinha com os filhos e conduziu-os ao encontro da tragédia.

Levou os filhos de casa da mãe, em Manique do Intendente, e acabou por sofrer um despiste mortal em Arrouquelas. As crianças de dois e três anos não resistiram. Eram a companhia da avó materna que, apesar da dor, diz que perdoa a filha.

“Foram apenas uns minutos. Fui só à creche buscar as chupetas dos meninos. Não sei o que lhe passou pela cabeça”. O desabafo que sai com dor e lágrimas é da avó materna das crianças de dois e três anos que morreram após o carro onde seguiam com a mãe ter embatido violentamente contra um muro, na quinta-feira, 21 de Janeiro, em Arrouquelas, concelho de Rio Maior. À data de fecho desta edição, a mulher, de 35 anos, continuava internada no hospital a recuperar dos ferimentos. A avó, que tinha a guarda das crianças, estava sozinha na sua residência em Manique do Intendente, Azambuja, ainda sem saber a data do funeral.
Depois de a avó ter saído a pé, para ir à creche municipal frequentada pelas crianças, Sofia Nobre meteu os filhos no carro e arrancou, em direcção ao concelho vizinho de Rio Maior. Eram cerca das 09h20 e a viagem não durou mais do que 10 minutos. Uma distracção e excesso de velocidade terão estado na origem do embate frontal contra um muro de uma vivenda, na Estrada Municipal 510, em Arrouquelas.
O alerta para o acidente foi dado às 09h50. À chegada dos meios de socorro as crianças já tinham sido retiradas do banco de trás por um popular. A condutora foi desencarcerada pelos bombeiros e transportada ao hospital com ferimentos nas pernas e na bacia. No mesmo dia a criança mais velha faleceu. A mais nova morreu no hospital um dia depois.
A avó e antiga professora primária tenta encontrar uma explicação para o despiste, dizendo que “talvez o choro de um dos bebés tivesse perturbado” a filha, que sofria de bipolaridade - doença psiquiátrica crónica - descartando que tivesse batido intencionalmente contra o muro. Mas sem certezas. “Não sei claro o que se passou. Ainda não falei com a minha filha, mas já a perdoei. Mas esta dor que sinto, ninguém imagina”, diz a O MIRANTE da janela da sala, onde ainda há brinquedos pelo chão e em cima da mesa roupa dos netos que eram a sua companhia.
A avó materna já tinha a guarda da criança mais velha praticamente desde o nascimento. No entanto, a menina de dois anos só tinha sido retirada à mãe, por ordem da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ), há três meses. Ao que se sabe o pai, residente em Lisboa, raramente visitava as crianças.

Mãe sofre há vários anos de bipolaridade

Sofia Nobre sofre há vários anos de bipolaridade mas está autorizada a conduzir. Frequentemente deslocava-se de Vila Nova de São Pedro, localidade onde reside, até Manique para estar com as crianças. Há uns meses foi internada compulsivamente na ala de psiquiatria do Hospital VFX, “depois de ter sido encontrada a vaguear na autoestrada”, disse a O MIRANTE o presidente da junta, Avelino Correia.

População de Manique consternada

Na pacata vila de Manique do Intendente não se fala de outra coisa. Muitos conheciam as crianças, habituaram-se a vê-las de mão dada com a avó que as levava à creche e a passear nos jardins do palácio. “É uma grande perda para a nossa freguesia”, lamenta o presidente de junta.

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