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Hospital de Santarém tenta calar denúncias dos profissionais de saúde 
Funcionários do HDS falam de doentes dentro de ambulâncias à espera para serem atendidos, por falta de macas

Hospital de Santarém tenta calar denúncias dos profissionais de saúde 

Conselho de administração do Hospital de Santarém desmente denúncias sobre a falta de condições e apela ao silêncio dos funcionários. Situação está a gerar revolta entre os profissionais de saúde, numa altura em que o hospital está sob grande pressão.

Falta de macas e cobertores, um frio que não se aguenta em alguns pisos, doentes dentro de ambulâncias à espera de serem atendidos e infiltrações de água no piso da urgência. Estas são algumas das denúncias feitas por técnicos auxiliares e profissionais de saúde nas redes sociais que levaram o conselho de administração do Hospital Distrital de Santarém (HDS) a enviar-lhes um email, convidando-os a optar pelo silêncio, sob pena de fazerem soar o alarme social.
Os funcionários estão indignados com a situação e lamentam que numa altura em que estão exaustos e sob uma pressão extrema, o conselho de administração não só desminta consecutivamente as denúncias, que garantem ser verdadeiras, como os tente silenciar. Como é óbvio, declara a O MIRANTE a dirigente do Sindicato dos Enfermeiros, Helena Jorge, “aos profissionais caiu-lhes extremamente mal” um email daqueles, quando “todos os dias dão tudo o que têm para cuidar e defender os doentes”.
Para Helena Jorge, “é abusador e demonstra falta de humildade vir dizer que os profissionais são mentirosos e que está tudo bem dentro do hospital”, quando, “chove no serviço de urgência”, a “falta de pessoal é gritante” e há doentes com Covid-19 em ambulâncias à espera de darem entrada no hospital, por falta de macas disponíves. Uma realidade que acontece não só neste como em muitos outros hospitais do país nesta altura, mas que esses têm a humildade de reconhecer. Neste caso, lamenta “põe os profissionais como mentirosos”.
O conselho de administração, presidido por Ana Infante, disse a todos os funcionários, no email a que O MIRANTE teve acesso, que “independentemente da liberdade a que todos assiste”, sobre eles “recai a responsabilidade de zelar pelo rigor e veracidade das informações”. É dito ainda que a transmissão dessas informações, “sem rigor e veracidade”, contribui para “o alarme social”, minando “de forma irreversível a confiança da comunidade” e que essas situações “podem e devem ser reportadas” à administração para serem mitigadas.
Depois da recepção desse email, a 21 de Janeiro, uma enfermeira que pede para não ser identificada, contactou o nosso jornal para garantir que tem que tirar doentes de cadeiras para sentar outros que não podem mesmo estar de pé, porque não há macas disponíveis. Considerando que é vergonhoso, mas que a população tem que estar informada, a mesma profissional, que trata de doentes com Covid-19, mostra-se solidária com a funcionária que na semana passada publicou um comentário no Facebook, alertando para as más condições do hospital e que foi reproduzido por O MIRANTE na rubrica “Apanhados na Rede”.
Recorde-se que a publicação original desapareceu da rede social e ainda deu origem a um comunicado da administração a dizer que a funcionária não tem o cabal conhecimento da situação e escreveu “várias incongruências e informações falsas”.
A administração hospitalar reconheceu na mesma publicação que a situação pandémica “implica uma sobrecarga sem precedentes sobre os serviços de saúde”, mas garantiu que não tem falta de cadeiras de rodas, nem de macas, nem de camas.

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