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A PSP é uma instituição hierarquizada,  onde um posto e uma farda não têm género 
Leonor Martins, chefe principal, e Sofia Valverde, subcomissária da PSP

A PSP é uma instituição hierarquizada,  onde um posto e uma farda não têm género 

Sofia Valverde tem 30 anos e é oficial de polícia. Leonor Martins era mãe solteira quando entrou na PSP, em 1987. Aos 32 anos, Ana Ramos é agente na secção de investigação criminal. Na Escola Prática de Polícia em Torres Novas, nos cursos de formação de chefes e de formação de agentes há 128 mulheres e 845 homens.

A Polícia de Segurança Pública (PSP) foi a primeira força de segurança a admitir mulheres no seu efectivo, mas quase meio século depois, os homens ainda representam 92 por cento do total dos seus efectivos. Poderá esta percentagem traduzir-se numa desigualdade de género? No Dia Internacional da Mulher, na Escola Prática de Polícia, em Torres Novas, três mulheres polícia respondem firmemente que não.
“A PSP além de pioneira é exemplar na forma como permite o acesso igualitário. Aqui é valorizado o mérito e o valor individual”, começa por referir a O MIRANTE, a subcomissária Sofia Valverde, sublinhando que as “características de liderança não são referentes ao género, mas à pessoa”.
Falando na sua experiência, a subcomissária refere que “integrar a Polícia de Segurança Pública sempre foi uma oportunidade vista como alcançável”. Ingressou nesta instituição aos 21 anos, no curso de formação de agentes e a partir daí nunca parou de progredir na carreira, tendo três anos mais tarde ingressado no curso de formação de oficiais de polícia no Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna aos 24 anos.
“Hoje lidero homens e mulheres polícia na pessoa e mulher que sou”, afirma Sofia Valverde que a par com a irmã gémea foi a primeira mulher polícia e a terceira geração de polícias na família.

Não aceitOU ser protegida e ao fim de pouco tempo comeÇOU a fazer patrulhas
Leonor Martins refere que, na altura do seu ingresso na PSP, em 1987, o contexto social era diferente, mas mas mesmo assim nunca teve razões de queixa, diz a agora chefe principal. “Há um princípio base: somos uma família”, refere, destacando que importa dizer que a PSP é “uma instituição muito hierarquizada”, onde um posto e uma farda não têm género.
Quando foi admitida no curso de agente, Leonor Martins já era mãe de uma menina de quatro anos e morava sozinha. Podia dizer-se que naquela altura foi um acto de coragem, mas prefere dizer que se tratou de lutar pelos seus sonhos e não permitir que as circunstâncias da vida, muito menos de género, a impedissem de se tornar na primeira polícia da família.
Segundo ela, há actualmente uma “preocupação quase exacerbada relativamente à discriminação”. Na polícia considera ser “normal” existir por parte dos agentes homens um sentido de protecção para com as agentes mulheres, mas essa atitude, esclarece, só vai até um certo ponto.
Conta que no seu tempo de agente, no turno da noite, as mulheres ficavam na porta da esquadra, para estarem mais protegidas, e os homens iam para a rua patrulhar, situação que não lhe agradou.
“Na terceira vez que me puseram à porta da esquadra, da uma da manhã às sete, disse ao chefe que se era para ser assim iria embora. Ele aceitou a minha observação e passei a fazer o serviço que todos faziam”, conta.
Ana Ramos já não é desses tempos. Tem 32 anos, e depois de concluir o curso de agente já fez patrulhas apeadas, patrulhas de carro, integrou um projecto ligado à violência doméstica e crime violento e actualmente trabalha na investigação criminal. Diz que na PSP as oportunidades são iguais para todos e que o seu percurso foi sempre ascendente.
A presença maioritariamente masculina não incomoda estas três mulheres polícia, muito menos as impede de alcançar os seus objectivos profissionais. Quanto à maternidade, a subcomissária responde: “A PSP tem lugar para todas as mulheres, queiram ou não ter o momento da maternidade, e qualquer uma pode exercer o seu papel de mãe, sem prejudicar a sua carreira”.

A PSP é uma instituição hierarquizada,  onde um posto e uma farda não têm género 

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