A Câmara Municipal de Torres Novas levou à reunião privada de 23 de Fevereiro a informação sobre um pedido de parecer do Infarmed relativo à transferência da Farmácia Inácio da aldeia de Alcorochel para a cidade sede de concelho. O pedido de “diligências complementares” foi feito em Setembro de 2020.
Depois de ter recebido queixas de outras farmácias que queriam ocupar o mesmo lugar na Avenida 8 de Julho, a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde considerou que houve uma modificação dos elementos preexistentes no procedimento e questionou o município se essas alterações poderiam mudar o sentido do parecer emitido pela autarquia, pois não eram conhecidos à data de emissão do parecer inicial, favorável à transferência do estabelecimento.
O ponto na ordem de trabalhos, no sentido de não emitir qualquer parecer, foi votado favoravelmente pela maioria socialista no executivo e teve os votos contra do PSD e do Bloco de Esquerda. A oposição foi unânime no voto e nos argumentos. Desde o início do processo que os vereadores João Quaresma (PSD) e Helena Pinto (BE) são contra a deslocalização da farmácia por extinguir um serviço essencial numa aldeia do concelho; por ser uma acção contestada pelas farmácias da cidade; e porque existem dúvidas sobre o respeito da ordem de entrada dos pedidos na câmara.
Este último argumento é corroborado pela existência de um processo-crime contra o vereador e vice-presidente Luís Silva, por suspeitas de favorecimento. Um processo que envolve também duas funcionárias do Departamento de Urbanismo.
A oposição lamenta que a câmara não tenha aproveitado a oportunidade para reponderar a posição assumida inicialmente. Helena Pinto, numa declaração de voto enviada às redacções, questiona ainda o motivo pelo qual uma comunicação entrada na câmara municipal a 29 de Setembro de 2020 só tenha sido apresentada em reunião do executivo cinco meses depois.