O secretário de Estado da caça ao melro
Rui Barreiro foi deputado, secretário de Estado e empresário e ficou conhecido como o governante da caça ao melro.
Se há político que não se pode queixar do seu partido é Rui Barreiro. Em 2009, depois de já ter desempenhado alguns cargos de nomeação política e de ter perdido com estrondo, quatro anos antes, a Câmara de Santarém para Moita Flores e o PSD, o segundo Governo de José Sócrates encaixou-o como secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural.
Enquanto andou por Lisboa como governante, Rui Barreiro conseguiu ser notícia nacional graças a um episódio que entrou no anedotário à época. Como secretário de Estado assinou uma portaria onde permitia a reabertura da caça ao melro após 20 anos de proibição. Uma decisão contestada por ambientalistas e caçadores e que, antes de ser cancelada, provocou muitas gargalhadas a quem aprecia humor trapalhão.
A passagem pelo segundo Governo de Sócrates foi para Rui Barreiro o corolário de uma carreira sempre agrafada ao cartão do partido, que lhe valeu passagens por diversos cargos públicos de nomeação política: foi também adjunto do Governador Civil de Santarém, director-geral do Desenvolvimento Rural, director regional da Agricultura do Alentejo e gestor do Programa RURIS.
Em 2019, dois anos depois de mais um desaire como candidato à Câmara de Santarém, o partido esteve lá novamente para lhe pôr a mão por baixo. E foi nomeado vogal com funções executivas para o conselho de administração da nova empresa pública de gestão e desenvolvimento florestal, FlorestGal. Uma boa colecção de ‘tachos’, diria a voz popular.
Rui Barreiro, actualmente também vereador da oposição na Câmara de Santarém, é licenciado em Engenharia Zootécnica e tem feito o seu percurso profissional na administração pública como técnico superior do Ministério da Agricultura e em cargos de nomeação política, mas com um pé no sector privado como sócio de empresas. É também avaliador de imóveis.
Alguns dos seus negócios privados valeram-lhe inclusivamente um processo disciplinar levantado pelo Ministério da Agricultura durante o Governo PSD/CDS, quando era ministra Assunção Cristas. Rui Barreiro era acusado de alegadas incompatibilidades por ter uma empresa que fazia projectos para obtenção de subsídios, que eram avaliados por colegas no Ministério da Agricultura. O processo está há sete anos no Tribunal Administrativo de Leiria, para onde Barreiro recorreu.