uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Instalação de centrais fotovoltaicas na Torre Bela preocupa população de Azambuja
António Loureiro e Patrícia Péllissier são dois municipes da Azambuja preocupados a dimensão e o impacto ambiental do projecto

Instalação de centrais fotovoltaicas na Torre Bela preocupa população de Azambuja

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) aprovou o projecto para a instalação de mais de 600 mil painéis solares na Quinta da Torre Bela.

Vice-presidente e vereador do ambiente estão contentes. Autarca de Manique do Intendente, Vila Nova de São Pedro e Maçussa tem dúvidas sobre a dimensão do projecto e populares estão desassossegados com o impacto de viverem cercados de linhas de muito alta tensão.

O vice-presidente e o vereador do ambiente da Câmara de Azambuja já esfregam as mãos com a aprovação dada pela Agência Portuguesa do Ambiente para a central fotovoltaica na Quinta da Torre Bela, onde foram abatidos numa caçada 540 animais em Dezembro último. A matança beliscou o processo de instalação dos painéis solares, as entidades recuaram, a câmara apressou-se a descolar-se da polémica e chegou a revogar a declaração de interesse público municipal para a mega central fotovoltaica. Agora, os autarcas vêm mostrar a felicidade pela aprovação do investimento, que também colhe o apoio do presidente da União de Freguesias de Manique do Intendente, Vila Nova de São Pedro e Maçussa, embora José Avelino Correia levante algumas dúvidas sobre a dimensão do projecto, já que também há uma central prevista para a Quinta da Cerca, em Aveiras de Baixo.

O vereador do Ambiente rejeita qualquer relação entre a instalação da central fotovoltaica com a matança de animais, sublinhando que concorda com o projecto porque “a energia solar é uma energia verde e é o futuro”. O presidente da União de Freguesias de Manique do Intendente, Vila Nova de São Pedro e Maçussa considera que o investimento é importante para a criação de energia limpa, mas José Avelino Correia (CDU) considera que não seriam precisos tantos painéis solares. O autarca não sabe ainda se vai votar a favor ou contra a declaração de interesse público municipal, que vai ser submetida pela segunda vez à assembleia municipal, e explica que pediu um parecer à Associação Zero, que deu um parecer positivo à instalação das centrais.

Moradores divididos e pedido para desviar linhas

O projecto da Torre Bela prevê a passagem de uma nova linha de muito alta tensão na localidade de Casais das Boiças, em Alcoentre. Alguns moradores, ouvidos por O MIRANTE manifestam-se contra as fotovoltaicas, pelo perigo que dizem que pode representar para a localidade, como é o caso de Patrícia Péllissier, salientando que vai aumentar o risco de choques eléctricos e de acidentes e o projecto vai eliminar árvores e prejudicar os ecosistemas”.

O traçado previsto para a passagem das linhas passa exactamente por detrás da casa de Patrícia Péllissier que, em Setembro do ano passado, promoveu um abaixo-assinado, que já conta com cerca de 150 assinaturas. António Loureiro, outro habitante dos Casais das Boiças, perto da quinta, é a favor das fontes de energia limpa, mas também contesta a passagem das linhas eléctricas, chamando a atenção para o facto de a localidade passar a ficar com três linhas de muito alta tensão. O habitante sugeriu à autarquia que falasse com as empresas responsáveis pelo projecto, a AuraPower e a CSRTB, para alterarem o traçado. Sugestão para a qual ainda não há resposta.

As justificações da Agência do Ambiente

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) aprovou o projecto depois de a consulta pública do estudo de impacto ambiental ter sido suspensa em Dezembro, durante cerca de um mês, pelo Ministério do Ambiente, na sequência da caçada, para perceber se o estudo devia ser reformulado. Os esclarecimentos foram entregues e o processo foi retomado em Fevereiro.

A aprovação, no entanto, exige o cumprimento de algumas obrigações e inúmeras medidas de minimização, mas nenhuma está relacionada com a zona de caça. A APA diz tratar-se de espécies de caça “sem particular interesse de conservação” e que há a indicação de que serão “efectuadas diligências para que a área afecta às centrais seja retirada da Zona de Caça Turística, resultando numa alteração dos limites desta, e que a nova área e o novo plano de gestão cinegético [da caça] será submetido ao Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) para aprovação”.

A avaliação ambiental considera os impactos sobre a paisagem globalmente como “negativos, contribuindo para “uma artificialização da paisagem”, resultado da “desflorestação, desmatação, alteração da morfologia”, o que terá implicações em actividades como o turismo ou no imobiliário, que ficará desvalorizado. Mas isso fica sobrevalorizado pela criação de emprego e pela importância do projecto para o “cumprimento das principais linhas de orientação do Governo relativas ao reforço das energias renováveis para o combate às alterações climáticas”.

Instalação de centrais fotovoltaicas na Torre Bela preocupa população de Azambuja

Mais Notícias

    A carregar...

    Capas

    Assine O MIRANTE e receba o Jornal em casa
    Clique para fazer o pedido