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Ladrão insólito volta ao lugar do crime, identifica-se e espera pela polícia

Um assaltante de Santarém, que usava uma seringa para atemorizar as empregadas de balcão, assaltou duas papelarias em dois hipermercados da cidade.

Na sequência do segundo assalto leu uma notícia em que percebeu que levou menos dinheiro do que aquele que havia na caixa. Voltou ao local e seguiram-se episódios hilariantes. O ladrão foi agora condenado em pena suspensa.

Carlos Rato é um peculiar assaltante que no ano passado assaltou as duas vezes o mesmo estabelecimento, tendo na segunda vez, onde foi exigir o dinheiro que não tinha levado da primeira vez, mostrado a sua identificação para que soubessem quem era. Depois do insólito episódio e chamada a PSP, o suspeito, agora condenado em dois anos e seis meses de prisão, pena suspensa por igual período com a obrigação de se tratar da toxicodependência, ainda esperou à porta pelos agentes policiais para ser detido.

A história começa de uma forma simples. O assaltante, no dia 27 de Setembro do ano passado, por volta da 19h30, foi a uma papelaria das galerias comerciais do Continente, em Santarém, e ao balcão pediu dois maços de tabaco e uma caixa de mortalhas. Quando recebeu os produtos exibiu uma agulha à funcionária e exigiu o dinheiro da caixa registadora, tendo a empregada entregado 270 euros. O problema é que passado três dias, por volta das 18h00, o assaltante voltou ao local depois de ter visto uma notícia em que ficou a perceber que na altura havia mais dinheiro na caixa do que aquele que lhe tinham entregado.

Carlos Rato bateu com uma pasta em cima do balcão e disse que estava ali a sua identificação para que soubessem quem era e exclamou que tinha ido buscar o resto do dinheiro. “Da outra vez pedi o dinheiro todo e não mo deram”, disse na altura do segundo assalto. Gerou-se um alarido e o vigilante do hipermercado aproximou-se. O ladrão saiu do local e foi para a porta da superfície comercial a aguardar a chegada da Polícia. Quando os agentes chegaram, segundo ficou provado em julgamento, ofendeu-os com várias expressões e quando estava a ser revistado esbracejou, empurrou os polícias e cuspiu-lhes.

O arguido, de 43 anos, já tinha assaltado antes, no dia 4 de Setembro, pouco antes das 21h00, a tabacaria Mergulhão, no hipermercado E’Leclerc, na periferia da cidade, utilizando o mesmo método da agulha, que dizia estar infectada com algo pior que a Covid-19. A empregada que estava no espaço era sua conhecida e chamando-a pelo nome disse-lhe que tinha de lhe dar dois maços de tabaco e todo o dinheiro da caixa registadora, salientando que não lhe queria fazer mal. O assaltante conseguiu então 180 euros em dinheiro e quando estava a abandonar o espaço disse à empregada que afinal a seringa não tinha nada.

Com um percurso pautado pela toxicodependência, que começou a experimentar na adolescência, segundo consta do acórdão do Tribunal de Santarém, os juízes tiveram em conta o carácter do arguido para suspenderem a pena, “confiando que tal constituirá um bálsamo para que adopte uma acção na vida conforme a lei e as regras da comunidade”. A suspensão da pena obriga-o a manter um tratamento à toxicodependência, sujeitar-se a consulta de psicologia e/ou psiquiatria, que promovam a desvalorização da conduta criminal, a aquisição de estratégias de resolução dos problemas e de suporte às suas fragilidades pessoais. Além da pena suspensa de prisão foi condenado em 180 dias de multa à taxa diária de seis euros.

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