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Obras de saneamento no Vale Alto são assunto na missa de domingo
Mário Formiga e Maria da Conceição são dos moradores mais inconformados com o estado em que a aldeia de Vale Alto ficou devido às obras de saneamento básico

Obras de saneamento no Vale Alto são assunto na missa de domingo

População sente-se desprezada pelo município de Alcanena devido aos transtornos que as obras de saneamento básico, iniciadas há dois anos e meio, estão a causar.

O MIRANTE foi fazer reportagem a Vale Alto e deparou-se com um cenário que mais parece saído de um filme de guerra.

As obras de saneamento básico no Vale Alto e Covão do Coelho, freguesias de Minde, concelho de Alcanena, tornaram-se numa verdadeira dor de cabeça para os habitantes das duas aldeias. As empreitadas, que são da responsabilidade da Câmara de Alcanena, não atam nem desatam e eram para estar concluídas há mais de ano e meio.

Fernanda Asseiceira, presidente da Câmara de Alcanena, esclareceu O MIRANTE, em Novembro de 2020, depois da visita da equipa de reportagem ao Covão do Coelho, que a conclusão das intervenções estava prevista para Abril deste ano. Posteriormente, o prazo das empreitadas foi estendido para este mês de Julho mas a localidade de Vale Alto continua virada de pernas para o ar e, pelo que se vê, o mais provável é que a previsão saia novamente furada.

O MIRANTE foi a Vale Alto na manhã de 22 de Junho conversar com alguns moradores que dizem estar revoltados pela forma como têm sido tratados pelo município. Chegar ao centro da aldeia, que tem cerca de duas centenas de habitantes, não é tarefa fácil. As ruas estão esburacadas, o piso está quase todo por alcatroar, existem muitos buracos na via, alguns sem protecções, e parte da canalização está ao cimo da terra. Para a dimensão da obra, que afecta toda a aldeia, o repórter só encontrou um trabalhador ao serviço.
Mário Formiga, padeiro de profissão, é um dos moradores mais inconformados e confessa, sem hesitar, tudo o que lhe vai na alma. “Esta aldeia parece um cenário de guerra. Uma ambulância que queira entrar para ir buscar alguém não consegue; os próprios residentes não conseguem aceder às suas habitações porque têm a maior parte dos acessos cortados. No domingo passado disse na missa que a câmara está a fazer de nós farrapos de limpar o chão, mas é este chão que vê à sua frente, que é o mais áspero e não há farrapo que aguente”, lamentou, visivelmente agastado.

Durante a hora em que o jornalista esteve na aldeia várias pessoas se juntaram para se queixarem das condições em que vivem. Maria da Conceição considera que o actual estado das coisas se deve a vários erros de planificação por parte da autarquia e à falta de fiscalização, nomeadamente dos engenheiros do município.

“Não há organização; abrem uma vala para fazer o esgoto, a seguir fecham-na, e uns tempos depois voltam a abri-la para fazer a canalização. É surreal”. Maria da Conceição confessa ainda a sua preocupação quando chegar a época das chuvas uma vez que o asfaltamento vai fazer com que a sua casa fica ao mesmo nível do solo. “A lista de problemas e contrariedades é infindável”, assegura.

Ao longo dos cerca de dois anos e meio que duram as obras perde-se a conta ao número de vezes que as mesmas foram interrompidas. Normalmente demoraram meses a recomeçar. Mário Formiga diz que já enviou várias reclamações para o município, mas nunca recebe resposta. Enaltece a postura da presidente da Junta de Freguesia de Minde, Fátima Ramalho (PSD), que tem sido “incansável” no apoio e na procura de respostas.

Entretanto a população criou uma página oficial nas redes sociais para tentar levar a sua angústia aos quatro ventos. “Quem é que aguenta viver nestas condições? Não admira que estes territórios estejam cada vez mais desertificados. Só queremos ter condições mínimas para viver”, vinca Mário Formiga.

Município explica-se a O MIRANTE

As obras de execução da rede de saneamento de águas residuais do Covão do Coelho e Vale Alto têm sofrido inúmeros contratempos devido à falta de entendimento entre o empreiteiro, a empresa TOELTA, e o subempreiteiro, a empresa Dreamfields Lda. Três dias depois da visita do repórter, o município de Alcanena enviou um comunicado para a redacção clarificando o ponto de situação das intervenções nas duas aldeias.

A missiva começa por explicar que as obras da remodelação integral e de alargamento das redes de abastecimento de água nas localidades “estão a avançar em várias frentes e prevê-se a sua conclusão nos próximos dois meses”. No Covão do Coelho, a “execução da requalificação da rede está em fase de conclusão, o sistema encontra-se em fase de ensaios, ligação de ramais prediais e desinfecção”. No que diz respeito a Vale Alto a “execução da requalificação está prevista até 15 de Julho”.

Obras de saneamento no Vale Alto são assunto na missa de domingo

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