Pressão de água da rede pública em Vale de Cavalos não é para todos
Artur Lucas e a esposa queixam-se há vários anos da fraca pressão de água na sua habitação, em Vale de Cavalos. As tentativas de contacto com a empresa Águas do Ribatejo e com a entidade que a regula, a ERSAR, têm sido constantes, mas ninguém parece querer resolver-lhe o problema.
Artur Lucas, residente na Rua Sena e Toscano, na freguesia de Vale de Cavalos, concelho da Chamusca, queixa-se há vários anos do deficiente funcionamento da rede de abastecimento de água na sua habitação. Segundo conta a O MIRANTE, a fraca pressão da água impede, a si e à mulher, de realizar as rotinas diárias.
As súbitas descidas na pressão, diz, têm uma duração prolongada e originam, entre outros problemas, interrupção no funcionamento do esquentador e das máquinas de lavar loiça e roupa. “Como a água não tem pressão o esquentador não liga e a água sai fria. No caso das máquinas os seus sistemas de segurança não permitem que se liguem. Há vários anos que estamos a ter prejuízos com esta situação”, lamenta.
Artur Lucas garante que o problema é fácil de explicar e tem uma resolução ainda mais fácil. Quando foi instalado um ramal de fornecimento de água para a sua habitação, foi-lhe acrescentado um desvio que fornecia água aos vizinhos, utilizada apenas para regar a horta. Alertada, a empresa intermunicipal Águas do Ribatejo (AR), que gere os sistemas de abastecimento de água e saneamento de sete municípios da Lezíria do Tejo, incluindo o da Chamusca, enviou um funcionário para reparar as deficiências da instalação. O problema é que tudo se manteve inalterável, significando isto que, na opinião de Artur Lucas, a segunda ligação continua presente e é a principal responsável por desviar indevidamente água do ramal que abastece a sua casa.
A Águas do Ribatejo tem sido alertada para a situação desde 2019, mas até agora tem ignorado os pedidos de ajuda de Artur Lucas e da sua esposa. Para a conversa com o repórter, Artur Lucas trouxe um maço de papéis onde está toda a correspondência com a empresa intermunicipal.
Por se sentir ignorado, o casal começou a corresponder-se com a ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos), mas o resultado tem sido o mesmo. A última cartada foi jogada há cerca de dois meses com uma missiva enviada para o Provedor da Justiça. “Tenho sido delicado e tentado fazer pedagogia, mas já chega. Depois de dezenas de emails, de me deslocar à sede da Águas do Ribatejo, já não sei onde mais recorrer. Só queremos estar confortáveis no nosso lar e usufruirmos do serviço que pagamos a bom preço”, sublinha. Contactada por O MIRANTE, a Águas do Ribatejo afirma que realizou as “intervenções necessárias e após verificação técnica constatou que o objecto da reclamação estava solucionado”.
À Margem
As empresas intermunicipais e a falta de ligação às pessoas
O caso de Artur Lucas e da sua esposa é mais um entre centenas ou milhares de casos na região ribatejana relacionados com problemas na rede de abastecimento de água pública. O MIRANTE tem dado conta de alguns, como por exemplo, o desespero de algumas famílias das Areolas, um lugar também situado no concelho da Chamusca. As autarquias, ao criarem empresas intermunicipais para gerirem os sistemas de abastecimento de água e saneamento, ficaram à mercê de entidades que estão quase sempre ausentes e que não estabelecem relações que deveriam ser de proximidade e afectivas. A realidade torna-se ainda mais triste porque os municípios têm cada vez menos trabalho e, com a constituição destas empresas, estão a perder a importância e autonomia que ganharam com a democracia e a liberdade conquistada com o 25 de Abril.