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Acabou a Agroglobal; viva a Agroglobal

Pedro Torres anunciou, de forma inesperada, no último dia da Agroglobal, o fim da feira no Cartaxo e a sua passagem para Santarém com organização da CAP, que também organiza a Feira Nacional de Agricultura.

De 2014 a 2021 Pedro Torres e Manuel Paim ergueram uma feira agrícola no campo do Cartaxo que se tornou um caso de estudo. Dois empresários agrícolas, sócios e amigos, deitaram mãos a uma feira que este ano teve uma adesão nunca vista. “Isto parecia uma guerra civil”, reconheceu Pedro Torres num dos discursos de encerramento onde anunciou a passagem de testemunho para a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e o fim da Agroglobal como a conhecemos até hoje.

Embora já há quatro anos se falasse na possibilidade de a CAP tomar conta da organização, o certo é que as conversações nunca surtiram efeito. Na altura O MIRANTE falou com as duas partes envolvidas no negócio: Pedro Torres admitiu as conversas mas pediu que guardássemos a informação privilegiada uma vez que as notícias podiam pôr em causa as conversações e um desfecho que, na sua opinião, seria bom para a cidade e para a Agroglobal.

Apesar de sondado noutras alturas nunca mais conseguimos actualizar a informação. De forma surpreendente, no final da maior edição de sempre da Agrobal, Pedro Torres e o presidente da CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, subiram à vez ao palco para anunciar que o CNEMA vai tomar conta da feira.

Dos discursos que O MIRANTE publicou em vídeo, na notícia que escreveu na edição online, é fácil concluir que a cedência da organização da feira não foi tão simples como os organizadores fizeram parecer.

É certo que a feira vai passar para Santarém; e é certo e sabido que o CNEMA não tem estrutura nem pessoas para organizar uma boa Feira da Agricultura quanto mais uma Agroglobal que metia a Feira da Agricultura no bolso em termos de programa, de organização e participação dos agentes do sector. Não por acaso nasceu, cresceu e tornou-se uma das maiores organizações de sempre a promover o sector. A unanimidade gerada à volta desta organização nunca será possível com o CNEMA, gerido de costas viradas para a cidade e para as instituições da terra e da região.

Não é hora de pedir contas a quem tem a responsabilidade de organizar anualmente a Feira Nacional de Agricultura mas era meter a cabeça na areia não recordar que a CAP fez da Feira Nacional de Agricultura uma feira de vaidades. Manuel Paim e Pedro Torres mostram desde 2014 o que é uma feira agrícola e como se organiza e se ganha dinheiro sem cedências e facilidades (na feira da agricultura falasse em negócios paralelos no aluguer de pavilhões a artesãos, para além de outras manhas que foram instituídas ao longo dos anos e que fazem da Feira do Ribatejo um outro caso de estudo).

Pedro Torres reconheceu, no discurso em que entregou a Agroglobal ao CNEMA, que negoceia com os dirigentes da CAP desde a segunda edição da feira. Embora falem entre iguais (são pessoas que dominam o sector, andaram nas mesmas escolas, vão às mesmas festas, são parte de uma elite que domina uma parte da economia portuguesa), só cinco anos depois é que chegaram a um entendimento. Fica claro que esta cedência era a única forma do CNEMA não perder a curto prazo a Feira Nacional de Agricultura. Falta saber se Pedro Torres negociou a curto prazo a presidência do CNEMA como contrapartida por ter deixado de afrontar, com o seu trabalho a solo, a organização da Feira do Ribatejo.

Com o CNEMA a organizar a Agroglobal, certamente que a feira nunca mais atingirá a dimensão e o interesse das últimas edições; também é fácil concluir que quem organiza a Feira da Agricultura com um amadorismo desarmante não vai organizar a Agroglobal convidando os parceiros regionais e cativando aqueles que ao longo dos tempos se foram divorciando dos dirigentes da CAP.

Uma nota final que não devemos calar para darmos nomes aos bois, como se diz na gíria ribatejana: os dirigentes do CNEMA são tão bons a gerirem as suas organizações, e as suas azias pessoais, que ameaçam e retaliam contra empresários que falam a O MIRANTE de forma crítica nos suplementos que habitualmente editamos por ocasião da Feira da Agricultura. JAE.

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