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Pedro Torres entrega Agroglobal ao CNEMA após namoro de anos que nunca admitiram
Agroglobal vai deixar os campos do Cartaxo e vai passar para o CNEMA em Santarém

Pedro Torres entrega Agroglobal ao CNEMA após namoro de anos que nunca admitiram

Desde as primeiras edições da Feira do Milho que a intenção de Pedro Torres, o fundador do certame que se transformou na Agrogobal e numa dimensão que estava a engolir a capacidade do seu criador, era a de entregar a organização ao CNEMA, dominado pela CAP. Mas tentou sempre esconder o namoro de anos que agora, no dia da transição, acabou por admitir.

O monstro que já era a feira Agroglobal estava a engolir o seu criador e Pedro Torres aproveitou o final do maior certame de sempre, depois de ter conseguido o reconhecimento do primeiro-ministro, para sair pela porta grande. Passou as dores de cabeça de organizar um certame de nível europeu para a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), dona do Centro Nacional de Exposições de Santarém e organizadora da Feira Nacional de Agricultura. Ambos tentaram passar a ideia que as duas feiras eram diferentes e complementares, negando a possibilidade de uma parceria, mas o certo é que nos bastidores, Pedro Torres e os seus amigos da CAP, com quem já tinha organizado a Feira do Toiro, alimentavam a fusão há muito tempo.

A passagem da Agroglobal para a CAP, através do Centro Nacional de Exposições (CNEMA), foi feita sem pompa nem circunstância, de uma forma meio tímida, no final da feira deste ano, meia hora depois da cerimónia de encerramento, com as individualidades já fora do recinto, sem jornalistas por perto e sem qualquer divulgação. O acordo sela um namoro que já decorria há muito tempo de forma muito discreta, mas que começou a levantar suspeitas quando nas últimas duas edições não havia dia em que dirigentes da CAP, sobretudo o presidente Eduardo Oliveira e Sousa, não se fizessem notar na Agroglobal.

A dimensão da Agroglobal em pleno campo, na freguesia de Valada, concelho do Cartaxo, atingiu uma dimensão tal que o próprio Pedro Torres comparou o cenário da sua montagem com uma guerra. E na sua intervenção salientou que chegou a uma altura em que as “infraestruturas começaram a ceder”. E também veio confirmar que logo do início da feira, na segunda edição, ainda chamada de Feira do Milho, conversou com os dirigentes do CNEMA e da CAP para que entrassem na organização.

Considerando que a feira tem um enorme potencial, o até agora organizador da Agroglobal salienta que é necessário levar a feira para um sítio em que existam condições para a alojar e onde possa receber mais gente. “Não crescer é andar para trás e aqui a feira não pode crescer”, salientou Pedro Torres, realçando que a transição não é um abandono e confirmando que sempre esteve ao lado da Feira Nacional de Agricultura e que o CNEMA é a entidade certa para assegurar o crescimento da Agroglobal.

O presidente do CNEMA e da CAP disse que a feira começou quase como brincadeira porque havia uma necessidade de o sector olhar para dentro. Eduardo Oliveira e Sousa desfez-se em elogios a Pedro Torres, dizendo que é um homem de carácter e honra que se dedica às coisas com espírito de missão, quando ainda há dez meses, numa entrevista a O MIRANTE dizia que nunca houve nenhuma tentativa para comprar a Agroglobal. “Falava-se que o CNEMA tinha oferecido 3 milhões, 5 milhões, depois já não era o CNEMA, era outra entidade... Isso não é verdade. Nunca fizemos qualquer proposta para aquisição da Agroglobal”. Afinal, segundo os dois protagonistas, a feira passa de mãos sem contrapartidas financeiras, com Oliveira e Sousa a dizer que nunca houve a perspectiva de Pedro Torres durante as conversas que tiveram de fazer um bom negócio com a projecção que a feira tem.

A Feira do Milho que evoluiu para a Agroglobal, em que para além do milho passou a abarcar as outras culturas, começou em 2009 e logo com uma centena de expositores num modelo completamente diferente, no campo, com demonstrações ao vivo. Há três anos o certame já tinha, segundo revelou na altura Pedro Torres, um orçamento a rondar o meio milhão de euros com uma grande procura de expositores, atingindo as 370 empresas e entidades presentes e que atingiu o pico de mais de 400 nesta que foi a última edição nos moldes em que foi idealizada.

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