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Cornucópia de Talentos faz a diferença na vida de dezenas de famílias
Na Cornucópia de Talentos pretende-se promover a inclusão social através de uma cidadania activa

Cornucópia de Talentos faz a diferença na vida de dezenas de famílias

A Cornucópia de Talentos, no Rossio ao Sul do Tejo, tem dois anos de existência e trabalha com o objectivo de alterar comportamentos e dar mais qualidade de vida aos utentes. O autoconhecimento e o equilíbrio são palavras-chave na associação que desenvolve várias actividades terapêuticas e de acompanhamento psicológico.

Fundar uma associação que fizesse a diferença na comunidade sempre foi um dos grandes objectivos de vida de Gisela Oliveira, presidente da Associação Cornucópia de Talentos, sediada no Rossio ao Sul do Tejo, em Abrantes. “Quando ainda era jornalista comecei a interessar-me pelo comportamento humano e pelas suas particularidades. Achei que devia investir o meu tempo nas pessoas e a ajudá-las”, explica a O MIRANTE.

Natural de Lisboa, mas a viver em Abrantes há vários anos, Gisela Oliveira candidatou-se ao programa de apoios FinAbrantes para implementar na comunidade uma associação sem fins lucrativos que tem como principal missão promover uma cultura integral da vida humana, através do desenvolvimento físico, emocional, mental e espiritual.

Para além disso, a Cornucópia de Talentos presta apoio a famílias, sobretudo aos mais novos, promovendo a cidadania activa, praticando a inclusão social e prevenindo doenças através da realização de actividades terapêuticas. “Ter qualidade de vida obriga a muita consistência e equilíbrio, tanto a nível físico como mental. Um dos nossos trabalhos, por exemplo, é mostrar às pessoas que ter medo não é um sentimento necessariamente mau; é preciso desconstruir essa crença”, sublinha.

Um dos grandes desafios da associação prende-se com a dificuldade em aumentar a sua área de abrangência, devido ao facto de estar sediada numa aldeia e de ter pequenas instalações no centro da cidade de Abrantes; as mentalidades das pessoas também são um aspecto que, na sua opinião, tem de melhorar, uma vez que ainda há mentalidades fechadas.

No entanto, Gisela Oliveira diz que a comunidade está a envolver-se cada vez mais e que pessoas de todas as idades procuram ajuda. “Temos recebido pessoas de toda a região dos 8 aos 80 anos. Habitualmente não sabem explicar o que sentem e porque estão tristes, e a nossa tarefa é ajudá-las a compreender para mudarem os seus comportamentos e estados de espírito”, explica, acrescentando que as insónias e dores corporais são os sintomas mais frequentes de um problema maior, relacionado “com o interior da pessoa”.

A terapeuta confessa ainda que recebeu, por várias vezes, pacientes com problemas relacionados com violência doméstica e pobreza extrema e que, nesses casos, os reencaminhou para as instituições e autoridades competentes.

UMA ASSOCIAÇÃO QUE TRABALHA EM REDE

Com cerca de três dezenas de filiados e vários colaboradores, que trabalham de acordo com a procura, a Cornucópia de Talentos tem procurado, desde que iniciou a sua actividade, há cerca de dois anos, desenvolver um conjunto de iniciativas diversificadas para chegar a todas as faixas etárias. Para além das terapias, realizaram-se vários eventos, nomeadamente workshops que ensinaram às pessoas, e às famílias, como realizar o seu próprio processo terapêutico. “Quando estamos a orientar um filho também é importante trabalhar com os pais, porque o ambiente familiar é fundamental para o bem-estar psicológico”, explica.

A associação desenvolveu também uma academia, que realiza Actividades de Tempos Livres (ATL) e apoio ao estudo, baseada no conceito da pedagogia Antroposófica de Rudolf Steiner, vertente que integra o desenvolvimento físico, espiritual e artístico de forma holística. “A nossa ambição é continuar a oferecer um ensino diferenciado onde os mais velhos ensinam os mais novos, e vice-versa, e a aprendizagem é feita em cadeia”, afirma Gisela Oliveira.

Na Cornucópia de Talentos impera a alegria e boa disposição

Miguel e Rafael, ambos com 3 anos, Simão, com 13, e Maria Isabel, de 12 anos, são os resistentes da turma de ATL de Verão que a reportagem de O MIRANTE encontrou na visita às instalações da Cornucópia de Talentos. Maria Isabel diz que está muito satisfeita com a experiência e que para o ano gostava de repetir. “Costumo passar as férias grandes em casa, mas este ano foi muito diferente para melhor. Fizemos jogos, yoga, meditação, uma horta, peças de teatro e muitas outras actividades divertidas. A melhor parte é o convívio e ter feito novas amizades”, sublinha.

O ATL recebeu cerca de 15 crianças, entre os 2 e os 13 anos, e algumas delas com necessidades educativas especiais. As crianças foram acompanhadas por cinco monitores, dois gatos e duas cadelas terapeutas, que ajudam a melhorar a auto-estima e a confiança. Outra das mais-valias do projecto é a articulação com as escolas do concelho de Abrantes.

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