Na Casa do Povo de Arcena elas é que mandam
Desde 2013 que a colectividade é liderada por mulheres e o trabalho que têm feito vale-lhes o respeito da comunidade. Associação tem preservado e mantido as tradições populares de Arcena.
A Casa do Povo de Arcena (CPA), em Alverca, é um exemplo de dinamismo cultural e desportivo no concelho de Vila Franca de Xira. Na direcção são as mulheres quem mais ordena. É uma associação intimamente ligada à vida do bairro e que já conta com 87 anos de história, com um papel importante na preservação das tradições locais.
Desde 2013 que a associação é gerida por mulheres. Clara Negrinho (presidente), Angelina Novais (vice-presidente), Graciete Silva (secretária) e Luísa Soares (tesoureira) dizem a O MIRANTE que sempre tem existido um ambiente de respeito na colectividade e que também há homens a ajudar em algumas tarefas, num salutar clima de entreajuda. Sandra Madeira é presidente da assembleia-geral e Isabel Candeias a presidente do conselho fiscal.
Tiram tempo da família, dos filhos e netos para dar à associação e não pensam duas vezes. “Acredito que as mulheres têm um sentido de gestão e organização diferente. Os homens fazem as coisas mais no ar, nós somos mais calculistas. Gostamos de fazer uma boa planificação de tudo o que acontece”, confessa o grupo a O MIRANTE.
A CPA tem um núcleo museológico, uma secção de artes manuais, um rancho folclórico, grupo coral e musical, uma escola de música, uma escola de concertinas e uma escola de bateria. Na área desportiva, a colectividade é a responsável por gerir o pavilhão municipal existente no bairro e com isso disponibiliza à comunidade as modalidades de futsal, taekwondo, zumba, ioga e ginástica.
O palco para espectáculos e o bar são outras das valências da associação, que viu a sua actual sede construída em 1967. Tal como outras casas do povo as suas funções foram-se alterando com o tempo. Até há uma década era na CPA que funcionava o posto médico que dava apoio à população. “Só fechou quando construíram o centro de saúde do Bom Sucesso”, recorda Clara Negrinho.
“Sempre de portas abertas para as nossas gentes”
A associação foca-se em manter vivas as tradições de Arcena, com iniciativas como noites de fados, baile da pinha, o enterro do chouriço no carnaval e os festivais do caracol e da castanha.
“Já não temos nada a ver com a essência antiga do nosso nome mas vale a pena manter a designação de Casa do Povo. Não faz sentido mudar. Também é o bilhete de identidade da localidade. O nome está tão enraizado que não o vemos a mudar”, confessam as dirigentes.
A associação sempre esteve no centro da vida da comunidade e um dos últimos exemplos foi quando serviu de palco para as audiências públicas da comunidade aquando da tentativa de expansão da antiga pedreira de Mato da Cruz. “Sempre estivemos de portas abertas para as nossas gentes. Estamos ao serviço das pessoas e do povo”, garantem.
O facto de Arcena se ter transformado num dormitório nas últimas décadas é que não tem facilitado o trabalho. “Começa a ser difícil tirar as pessoas de casa”, lamentam. A pandemia veio mudar tudo e inverter um ciclo de crescimento que se registava há vários anos. “Agora vamos ter de começar tudo de novo”, lamentam as dirigentes, com a garra de quem verdadeiramente ama a associação. A Casa do Povo de Arcena tem 1.300 sócios.