Regresso dos trabalhos na pedreira de Trancoso é uma dor de cabeça para os moradores
Empresa enviou ofício à junta de freguesia a informar que vai recomeçar a explorar calcário na pedreira de Trancoso. Moradores lamentam regresso ao passado e município quer confirmar licença de exploração.
O que temiam os moradores de Trancoso, São João dos Montes, aconteceu: a pedreira a céu aberto existente nos arredores da localidade, que há uma década estava inoperacional, vai voltar a ser explorada já no final de Setembro.
A confirmação veio a lume na última semana com a chegada à Junta de Freguesia de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz de um ofício da empresa que a vai explorar, informando do início da actividade, a explicar que vai explorar calcário no local e a garantir que o faz depois de já ter tido várias reuniões com a Câmara de Vila Franca de Xira.
Isto apesar da autarquia sempre dizer desconhecer o que estava a acontecer no local, mesmo quando os moradores e autarcas da CDU avisaram para a passagem frequente de camiões vindos da pedreira. No mesmo ofício a empresa garante que a exploração será feita em dimensões menores do que acontecia nos tempos da Mota Engil, a anterior proprietária do espaço.
Os moradores da zona estão receosos que voltem os tempos em que viviam paredes-meias com o pó e as vibrações da pedreira. “Toda a gente está muito preocupada. Foram anos de um ar puro como nunca tivemos e agora isto outra vez. Esta é a pior notícia que nos podiam dar”, lamenta Alberto Ribeiro, morador a O MIRANTE.
“Esta é uma péssima notícia”
Também o presidente da União de Freguesias de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz, Mário Cantiga, está preocupado com a situação. “Esta é uma péssima notícia para todos nós, fico muito preocupado com o que vai acontecer porque vai transformar a vida de todos, a começar pelo regresso da forte circulação de camiões. Estamos a acompanhar tudo isto com muita preocupação”, lamenta a O MIRANTE.
As decisões de autorizar a laboração de pedreiras não competem nem à câmara municipal nem às juntas de freguesia mas sim à Agência Portuguesa do Ambiente, Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional e à Direcção-Geral de Energia e Geologia. “Vamos tentar de todas as formas minimizar os impactos da situação e vamos ficar muito vigilantes com a actividade desta pedreira, tal como estamos vigilantes com as restantes fábricas que operam no nosso território”, garante o autarca.
O assunto foi também discutido na última Assembleia Municipal de Vila Franca de Xira pela bancada da CDU. O vice-presidente da câmara, António Oliveira, nunca se referiu às alegadas reuniões que a empresa diz ter tido com a câmara e explicou que após os alertas da população foram encetadas acções de fiscalização tentando identificar os movimentos na pedreira.
“Numa delas conseguiu identificar-se a empresa, que foi notificada para vir à câmara prestar declarações a título de esclarecimento. Em paralelo estamos a aguardar a notificação que fizemos à Direcção-Geral de Energia e Geologia para esclarecer a questão da licença de exploração e estamos a aguardar”, explicou António Oliveira.