PS deixa de ser absoluto em Azambuja e abre portas a coligações
Silvino Lúcio perdeu a maioria absoluta e o Chega da ex-socialista Inês Louro garantiu um lugar no executivo. O PSD conquistou mais votos e duas juntas e a CDU foi em sentido descendente que pode ser atenuado por uma coligação com o poder.
Na sede do Partido Socialista de Azambuja o sentimento era de euforia, mas os resultados finais caíram como um balde de água fria. Às 23h00, com praticamente todas as mesas de voto apuradas, os socialistas davam como garantida a maioria absoluta no primeiro mandato de Silvino Lúcio à frente dos destinos do município. Já depois da meia-noite chegaram as certezas: o socialista, que é o actual vice-presidente na Câmara de Azambuja, conquistou 39,76% dos votos e três lugares no executivo, menos um que em 2017, quando o PS liderado por Luís de Sousa teve maioria absoluta. A ausência do actual presidente da câmara, que não se recandidatou ao cargo, foi notada.
O desfecho da noite para o núcleo duro que esteve reunido a acompanhar ao minuto a divulgação dos resultados acabou por ter um sabor mais amargo, que já tinha sido provado ao início da noite com a perda da freguesia de Vila Nova da Rainha para a coligação Sempre ao Seu Lado (PSD/CDS/MPT/PPM).
Às 21h15 Silvino Lúcio gritava na sala que “por um voto se ganha, por um voto se perde”. Na altura referia-se aos resultados na freguesia de Aveiras de Baixo, que chegou a ter o PS como vencedor com a diferença de um voto, mas após uma recontagem foi a coligação liderada pelo PSD a vencer por dois. Uma espécie de presságio para a maioria absoluta na Câmara de Azambuja, perdida por três votos.
Já na manhã seguinte Silvino Lúcio adiantou, em declarações a O MIRANTE, que está em aberto a possibilidade de encontrar soluções para a governabilidade da câmara municipal. O entendimento, a ser feito, será à partida com a CDU. “Sempre à esquerda, com a direita nunca”, vincou.
Direita ganha pontos num concelho com décadas de socialismo
A coligação liderada pelo social-democrata Rui Corça não conseguiu destronar o bastião socialista que governa o município há mais de três décadas, mas ainda assim o resultado pode ser lido como positivo: maior percentagem de votos do que em 2017 (mais 5,1%) e a conquista de duas juntas de freguesia aos socialistas.
A CDU e o Bloco de Esquerda foram os grandes derrotados da noite que apostaram em novos candidatos que conquistaram menos votos que nas autárquicas anteriores. Mara Oliveira (CDU) teve menos 597 votos, mas conseguiu manter um lugar na vereação, e António Pito (BE) ficou-se pelos 428 votos, menos 270 que em 2017.
Partido com razões para celebrar foi o Chega. Estreante em eleições autárquicas conseguiu eleger um vereador A aposta numa candidata como Inês Louro, um nome reconhecido na política azambujense, acabou por ser a aposta certa. A ex-socialista, que venceu duas vezes a Junta de Azambuja para o PS, teve motivos para sorrir, embora admitisse que esperava mais.
PS perde duas freguesias
Além da vitória sem maioria na câmara o Partido Socialista conseguiu com Vera Braz ganhar para a assembleia municipal (38,74%), embora também sem maioria absoluta. Nas assembleias de freguesia, além das duas que perderam para a coligação Sempre ao Seu Lado, mantiveram Vale do Paraíso, Azambuja e Alcoentre. A CDU voltou a vencer em Aveiras de Cima e na União de Freguesias de Manique do Intendente, Vila Nova de São Pedro e Maçussa.
