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A paixão de ver andar os comboios
David Nobre e Luís Antunes são dois dos rostos do Grupo de Modelismo Ferroviário de Alverca

A paixão de ver andar os comboios

Grupo de Modelismo Ferroviário de Alverca reúne uma dezena de entusiastas dos caminhos-de-ferro. Gostam de ver as composições a circular e criar cenários realistas em casa onde colocam comboios em miniatura. A ferrovia tem sido desvalorizada no nosso país e é necessário investir nela para a tornar o transporte do futuro, defendem.

Pensar o futuro da mobilidade urbana sustentável sem contemplar o comboio e a sua modernização é um erro. A opinião é de David Nobre e Luís Antunes, dois dos membros do Grupo de Modelismo Ferroviário de Alverca (GMFA), uma associação com quase seis anos de existência dedicada a fomentar e partilhar a paixão pelo caminho-de-ferro.

“Tenho esperança que as novas gerações possam olhar para os comboios de forma diferente. Hoje a necessidade de investir no caminho-de-ferro está de tal forma politizada que ficamos sempre com dúvidas sobre o que está para vir. A necessária modernização da Linha do Norte que passa em Alverca e a quadruplicação da via entre Alverca e Vila Franca de Xira é imprescindível e chega com 20 anos de atraso”, lamenta David Nobre a O MIRANTE.

Muitos moradores de Alverca têm ainda uma relação de amor-ódio com o comboio. Se há quem não prescinda dele para chegar ao emprego, há quem continue a preferir o autocarro e o transporte próprio, mais poluente. “Alverca fez parte do primeiro troço ferroviário do país, que ligava Lisboa ao Carregado, e não tem consciência dessa importância”, lamentam os dirigentes.

A associação agrega uma dezena de entusiastas do caminho de ferro que, além de gostarem de viajar nesse meio de transporte, gostam de ver as composições a passar e criar cenários realistas em casa onde colocam comboios em miniatura a circular.

Sempre que podem, contribuem para eventos educacionais e exposições na cidade alusivas ao modelismo ferroviário. Parecem brinquedos mas não são: algumas composições vão dos 250 aos mil euros. E o material para os fazer circular também não é barato. O modelismo ferroviário é um passatempo que coloca à prova a capacidade artística e também o jeito para a electrónica, electricidade e até programação, quando se trata de meter um computador a gerir várias linhas de comboio.

David Nobre e Luís Antunes são ambos de Alverca. Um é funcionário público e o outro motorista da Carris. Conheceram-se no evento Locomodels Expo de 2015, que juntou na Secundária Gago Coutinho centenas de amantes do caminho-de-ferro e do modelismo ferroviário. Foi um evento que fez brotar todo um conjunto de exposições de modelismo ferroviário pelo país.

O grupo de Alverca já foi convidado pelo Museu Nacional Ferroviário, no Entroncamento, para fazer uma exposição alusiva às comemorações dos 160 anos do caminho de ferro em Portugal. “A Locomodels Expo que fizemos em Alverca foi o pontapé de saída para a criação deste grupo que desde então nunca mais parou. Temos agregado entusiastas em toda a extensão da linha, de Alverca à Póvoa de Santa Iria”, contam.

A associação tinha planos para voltar a fazer uma grande exposição em Alverca em 2020 mas os planos foram cortados pela pandemia. Seria a quarta exposição mas querem retomar essa dinâmica e pretendem contactar a Câmara de Vila Franca de Xira no sentido de aferir como a poderão realizar, se possível, já em 2022.

Uma paixão que vem da infância

A paixão de ambos pelos comboios começou logo em crianças quando receberam de prenda de Natal os seus primeiros comboios. Já perderam a conta a quanto dinheiro gastaram neste passatempo. David Nobre tem a garagem de casa cheia de maquetas. Luís Antunes toda uma arrecadação de casa com uma maquete fixa.

“Tudo nos comboios nos fascina e é uma paixão que não existe apenas no Entroncamento, é em todo o lado onde existe uma linha de comboio. Somos uns privilegiados por ter uma linha a passar à nossa porta”, contam.

Todos os anos tentam viajar sobre carris. “Infelizmente, por vezes, é difícil promover esta paixão junto das pessoas quando se vive num país em que o caminho-de-ferro muitas vezes não é eficaz e não tem expressão junto da população. Só para compararmos, a Bélgica tem três vezes mais serviços de caminho-de-ferro com um território mais pequeno que Portugal”, nota David.

A paixão de ver andar os comboios

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