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Doentes internados na garagem do Hospital de VFX choca Ordem dos Médicos
Jorge Roque da Cunha, do SIM e Alexandre Valentim Lourenço, da Ordem dos Médicos, foram ouvir as preocupações dos profissionais do Hospital de Vila Franca de Xira

Doentes internados na garagem do Hospital de VFX choca Ordem dos Médicos

Ordem dos Médicos e Sindicato Independente dos Médicos quiseram ver quão pior está o Hospital de Vila Franca de Xira desde que passou para a gestão do Estado e ficaram quase sem palavras à saída. O maior choque foi verem doentes acamados numa zona do parque de estacionamento adaptada.

O Hospital de Vila Franca de Xira está a funcionar pior desde que está a ser gerido pelo Estado e já tem doentes internados numa das zonas do parque de estacionamento, situação que deixou chocados os representantes da Ordem dos Médicos (OM) e do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) que visitaram o espaço na manhã de segunda-feira, 11 de Outubro.

Também a zona dos testes Covid está a ser feita num contentor situado num parque de estacionamento subterrâneo. “Nos últimos seis meses começámos a ter pedidos de escusa de responsabilidade por parte dos médicos e relatos de situações de insuficiência de serviços e escalas que não estávamos habituados a ver neste hospital. Esta visita deixou-nos muito preocupados”, lamentou Alexandre Valentim Lourenço da secção sul da OM.

O dirigente diz-se alarmado por ter visto “muitos doentes internados na garagem do hospital” onde as condições são “penosas” para quem está internado e quem lá trabalha. “A garagem foi transformada no tempo da Covid mas como continua a ser necessária por falta de camas continua em funcionamento”, critica.

O hospital não nega o internamento de doentes no parque de estacionamento contíguo ao serviço de urgência devido a “constrangimentos de espaço e dificuldades de gestão de camas”. Mas garante que o conselho de administração está a tentar requalificar a área para lhe dar maior dignidade. “Em articulação com a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e com a empresa gestora do edifício estão a ser tomadas medidas de forma a melhorar as condições de segurança clínica, quer para os profissionais de saúde quer para os doentes desse espaço de internamento para dignificar o atendimento prestado aos doentes”, explica a unidade de saúde a O MIRANTE.

“Sofrimento ético”

Alexandre Valentim Lourenço diz que o hospital desde que tem a actual gestão passou a ter dificuldade em reter os médicos e alerta para uma sangria de clínicos para outras unidades. “Os médicos não têm tempo, estão cansados e não conseguem sequer formar os colegas pelos quais são responsáveis. Isso está a levar os médicos a afastar-se deste hospital para outros onde as condições não sejam tão penosas como as que têm aqui”, critica.

O responsável diz ter ficado alarmado com muitos exemplos de colegas que estão a passar por um “tremendo sofrimento ético” por quererem prestar melhores cuidados e não conseguirem apesar de trabalharem quase 80 horas por semana. O membro da OM diz que algum material que se avaria pode demorar até dois anos a ser reposto. Endoscopias agora só se estão a fazer a quem está internado.

“Isto é grave. Na anterior gestão se fosse preciso médico eles tinham maleabilidade para oferecer contratos rápidos, agora a gestão está presa a contratos pelos sistemas centrais que têm concursos que demoram meses ou até anos a ficarem concluídos. E ninguém espera um ano para vir para um sítio onde é penoso trabalhar”, avisa Alexandre Valentim Lourenço.

O responsável da OM fez uma visita acompanhado por Jorge Roque da Cunha, do SIM, tendo estado reunido com a administração do hospital. “Esta administração tem menos armas e armas menos potentes do que a anterior, que tinha autonomia de decisão e capacidade de tomar decisões mais rapidamente”, nota. Também as listas de espera estão a aumentar e as equipas de profissionais a diminuir, alertaram as duas entidades.

O hospital, estima a Ordem dos Médicos, terá perdido mais de uma dezena de médicos desde que a gestão passou para a alçada do Estado, mudança essa que não foi boa e está a gerar forte descontentamento. “O Hospital de VFX estava nos rankings de avaliação como um dos melhores e está rapidamente a perder essas capacidades”, lamentou Alexandre Valentim Lourenço.

Gestão privada poupou 30 milhões

O Tribunal de Contas já tinha referido que, em quatro anos, a parceria público-privada que existia com o grupo José de Mello Saúde para gerir o Hospital de Vila Franca de Xira tinha permitido uma poupança de 30 milhões de euros ao Estado. O grupo técnico que avaliou a parceria desaconselhou a renovação do contrato por mais dez anos pese embora tenha dado nota positiva à gestão privada da unidade. O Estado tomou conta do hospital em Maio.

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