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Terreno da RPP Solar pode ter como destino a indústria de cannabis medicinal
O empresário Alexandre Alves (à esquerda) durante uma visita da Governadora Civil de Santarém, Sónia Sanfona (segunda à direita), ao terreno da RPP Solar. Na imagem, de Dezembro de 2009, estão ainda a então vereadora Maria do Céu Albuquerque e o então presidente da Câmara de Abrantes Nelson Carvalho

Terreno da RPP Solar pode ter como destino a indústria de cannabis medicinal

Na propriedade do Casal Curtido devia ter nascido, um mega-empreendimento ligado às energias renováveis. Câmara de Abrantes facilitou a vida ao empresário Alexandre Alves e deu-se mal, ficando a arder com mais de um milhão de euros.

O terreno no Casal Curtido, no concelho de Abrantes, para onde há uma dúzia de anos esteve previsto o mega-projecto ligado às energias renováveis da RPP Solar, foi recentemente vendido em hasta pública. A informação foi dada pelo presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Valamatos, na última reunião do executivo municipal.

Manuel Valamatos não adiantou muito mais informação nem disse a quem foi vendido o terreno. No entanto, no local está uma placa a informar que a empresa compradora trabalha no ramo da indústria de cannabis para fins medicinais. O presidente da Câmara de Abrantes diz que já falou com os investidores mas garante que só vai anunciar o investimento quando estiver implementado no terreno. O autarca mostra-se, no entanto, optimista e agradado com o potencial investimento que, defende, será relevante para a região. “Estamos atentos e vamos fazer tudo para que os promotores se possam instalar e desenvolver os seus projectos no nosso concelho. Não vou especular e quando o investimento estiver consolidado falaremos sobre o assunto”, esclareceu.

Em relação à reversão financeira do investimento que o município fez naqueles terrenos para os ceder a preços simbólicos à RPP Solar, do polémico empresário Alexandre Alves, Manuel Valamatos acrescentou que o processo continua a decorrer em tribunal, não havendo ainda uma decisão. Recorde-se que, em 2019, o imóvel esteve à venda durante mais de um ano num leilão electrónico com um valor base de três milhões de euros.

Do terreno de 1 milhão a câmara não recebeu 1 tostão

O processo da RPP Solar fez correr rios de tinta e agitou a vida política abrantina na última década, desde logo pela forma como em 2009 a Câmara de Abrantes, então liderada pelo socialista Nelson de Carvalho, facilitou a vida ao empresário Alexandre Alves, adquirindo um terreno na freguesia da Concavada por um milhão e 100 mil euros que vendeu à empresa por uma décima parte desse valor, embora nunca tenha recebido o dinheiro. Situação que deu origem a um processo em tribunal. A intenção, na altura, era viabilizar a implantação dessa indústria no concelho mas a forma como foi desenvolvido o processo suscitou muitas dúvidas e críticas.

Dúvidas e críticas que se multiplicaram quando se soube que Nelson de Carvalho, em 2010, após deixar a presidência da autarquia, fora convidado para um cargo dirigente na estrutura da RPP Solar. O ex-presidente da Câmara de Abrantes confirmou que tinha sido convidado para trabalhar na RPP Solar, com o cargo de director de formação e projectos especiais da empresa, mas nunca chegou a exercer funções na empresa porque o projecto nunca chegou a arrancar.

Projecto megalómano não saiu do papel

Quando foi anunciado publicamente, em 2009, o projecto da RPP Solar, empresa liderada por Alexandre Alves, também conhecido por ‘barão vermelho’, previa começar a produzir painéis fotovoltaicos logo em Janeiro de 2010. O complexo, junto à Central Termoeléctrica do Pego, devia ocupar 82 hectares. Inicialmente falava-se de um investimento global de 818 milhões de euros e na criação de 1.800 novos postos de trabalho, três centenas dos quais para engenheiros e quadros superiores.

Recorde-se que, em Setembro de 2009, o empreendimento da RPP Solar chegou a ser considerado um potencial projecto de interesse nacional (PIN) por parte do Governo de José Sócrates. O projecto visava a instalação de sete unidades industriais, cinco a sete torres eólicas, painéis solares e turbinas de co-geração, que trabalhariam 24 horas por dia. Perspectivava-se também a criação de um centro de investigação que ocuparia 300 engenheiros e investigadores no domínio da energia fotovoltaica.

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