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A sensorialidade do medo: o “Subterrâneo” de Bruno Caracol

Fábrica da Cultura, em Minde, mostrou no dia 15 de Outubro uma instalação sonora e visual intitulada “Subterrâneo” que nos remete para um mundo ficcional e utópico.

É uma espécie de gruta cheia de estalactites sonoras, pequenos animais voadores e rastejantes que nos rasam os corpos, uma penumbra cheia de histórias, o lamento sedutor das águas e das rochas que nos chega pela voz dos coralistas.

Aconteceu na Fábrica da Cultura, em Minde, no dia 15 de Outubro, esta narrativa de um mundo ficcional e utópico, desenvolvida por Bruno Caracol, na sua instalação sonora e visual intitulada “Subterrâneo”.

O trabalho é inspirado no texto “Fragment, d’histoire future” do filósofo, e também sociólogo francês, Gabriel Tarde (1843-1904), publicado pela primeira vez em 1896. Nesse texto o autor preconizava um mundo pós-solar, onde todas as formas de vida, incluindo a humana, seriam remetidas para os espaços subterrâneos. Libertados, finalmente, das oscilações do tempo, das estações do ano, do clima e das variações da luz, o ser humano experimentaria pela primeira vez, nas entranhas da Terra, uma vida exclusivamente dedicada à arte e ao ócio e aparentemente, sem violência. Um imaginário que nos remete também para as excelentes ficções “Viagem ao Centro da Terra”, de Júlio Verne, ou “A Máquina do Tempo”, de H.G. Wells.

A inauguração da instalação foi realizada ao som do Charales Chorus, com direcção do maestro João Carlos Gameiro e arranjo vocal de António Capaz Menezes. Uma inusitada viagem pelos sons do interior da terra, combinados com a biodiversidade estética de peças clássicas adaptadas a um ambiente de sombras.

A instalação apresenta extratos de textos, relatos da tradição oral das gentes da serra, interpretados pela “Boca de Cena”, e alguns excertos poéticos, que nos obrigam a convocar uma inesperada sensorialidade ao caminharmos às escuras em torno dos objectos e dos sons. Como escreveu Gabriel Tarde no seu ensaio: “O esquecimento é o início da felicidade, assim como o medo é o início da sabedoria”.

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