uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
“A forma como o Hospital de VFX tem funcionado é uma vergonha”
Carlos Sousa foi oficial da Marinha e é o actual presidente da Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos de Alverca do Ribatejo

“A forma como o Hospital de VFX tem funcionado é uma vergonha”

Carlos Sousa, 63 anos, presidente da Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos de Alverca do Ribatejo.

Carlos Sousa é um homem multifacetado que detesta estar parado. Oficial da Marinha, especializou-se em enfermagem oncológica, faz provas de trail running com quase uma centena de quilómetros e toca guitarra portuguesa quando está no sofá porque a televisão não transmite nada de jeito. É adepto do Sporting mas tem receio de ir aos estádios por causa da violência. Diz que a ARPIA tem um papel fundamental na cidade de Alverca como pólo agregador da comunidade sénior e lamenta a forma como está a funcionar o hospital de Vila Franca de Xira.

Tira-me do sério a mentira. Aceito desculpas mas não aceito mentiras e a injustiça também me tira do sério. Conheço O MIRANTE e costumo lê-lo. Gosto mais de ler em papel do que em digital. É como ler um livro em papel. Não me dá prazer nenhum ler um livro ou um jornal em formato digital.

Sou de Lisboa e quando casei decidi mudar-me para Alverca. Já vivo aqui há 40 anos. Queria estudar economia mas acabei desafiado por um amigo a ir para a Marinha. Reformei-me já como oficial superior na vertente de enfermagem. Especializei-me em enfermagem oncológica e trabalhei com doentes dessa área. Trabalhei no hospital da Marinha e no exterior cheguei a ser chefe de uma unidade de cuidados intensivos e enfermeiro director. Fui assessor do Almirante e reformei-me.

Desde que o Hospital de VFX passou a hospital público a forma como tem funcionado é uma vergonha. Enquanto era parceria público-privada sempre funcionou bem, com lucros para o privado e o Estado. É vergonhosa a forma como aquilo está a funcionar agora. E não tem nada a ver com as pessoas e instalações, só mudou a administração. Conheço bem as instalações, são óptimas, conheço excelentes enfermeiros que lá trabalham, mas que começou a funcionar mal disso não há dúvida e a culpa é da administração.

A área da Oncologia afecta-nos psicologicamente. É preciso ter bagagem emocional para aguentar e falar com os doentes. Temos de estabelecer barreiras e já chorei por um paciente. Não sou pessoa de correr riscos e tenho muito respeito pela pandemia, sei o que ela pode fazer e conheço casos graves de doentes com Covid-19. Incluindo um cirurgião amigo que esteve ventilado três meses. Isto não é tão simples como alguns dizem. É certo que não podemos parar a sociedade por causa da pandemia mas temos de nos saber respeitar mutuamente. Conheço bem o almirante Gouveia e Melo e custou-me imenso ver negacionistas a mal tratarem-no. Não merece.

Fico triste pela saída da Marinha de Vila Franca de Xira. Viajei pelo mundo durante dois anos. Naquele tempo ainda se navegava. Hoje já quase não se faz isso. Em Vila Franca de Xira, a Marinha tinha imensos cursos profissionais que davam saídas para o mundo e davam uma vivência à cidade como nunca mais tivemos. Quer queiramos quer não, na escola de alunos marinheiros estavam perto de cinco mil pessoas.

Não sou pessoa de ficar no sofá. Sou extremamente activo. Toco cavaquinho e guitarra portuguesa no grupo de cavaquinhos da ARPIA e na tuna Albirka da Sociedade Recreativa Alverquense. Nunca consegui ser autodidacta na música por falta de paciência por isso arranjei um professor. Tocar um instrumento ajuda a espairecer a cabeça e todos os dias toco um pouco. O meu tempo sentado no sofá é para tocar porque a televisão é má e tem pouca qualidade.

Sou adepto do Sporting mas não sou fanático. Ainda sou do tempo em que íamos ao estádio ver jogos sem problema e em bom ambiente. Hoje tenho receio de ir a um estádio de futebol por causa da violência. Nunca estou descansado quando ver um jogo num estádio é uma coisa bela. Pratico atletismo há 30 anos e ainda hoje faço provas de trail-running com perto de uma centena de quilómetros. Já fiz muitas maratonas pela Europa mas correr 42 quilómetros na minha idade é um grande desgaste para os joelhos. Por isso optei há 15 anos por fazer só trail-running.

A ARPIA é uma mais valia para Alverca. Aqui reúne-se a maioria dos reformados da cidade. Há ano e meio fechámos por causa da pandemia e para evitar riscos. Vai haver eleições a 28 de Outubro com uma lista única e sou novamente o presidente candidato. Tenho viajado muito pelo mundo e tenho a perfeita noção da realidade de alguns países ao nível da terceira idade.

A maior parte dos lares acessíveis são depósitos de velhos. Não são lares. Quando comparo alguns países com o nosso fico muito triste porque o nosso país e os nossos governantes tratam muito mal os idosos. Esquecem-se que também vão chegar a velhos e nas demências não há dinheiro que valha porque as pessoas ficam num mundo aparte.

“A forma como o Hospital de VFX tem funcionado é uma vergonha”

Mais Notícias

    A carregar...

    Capas

    Assine O MIRANTE e receba o Jornal em casa
    Clique para fazer o pedido