Música e amizade são as palavras de ordem no Coro do Conservatório de Santarém
O Coro do Conservatório de Música de Santarém tem cerca de dez anos de vida e foi fundado com o objectivo de proporcionar momentos de partilha entre pais, alunos, professores e funcionários. O MIRANTE assistiu a um ensaio e conversou com as sete coristas mais jovens que não hesitam em afirmar que o melhor da música são as amizades que se fazem.
Sofia Montez, as irmãs gémeas Beatriz e Filipa Duarte, Inês Barreira, Jeniffer Lima e Marta Martinho são alunas do Conservatório de Música de Santarém e há cerca de um ano que fazem parte do coro da instituição. Leonor Oliveira estuda na Escola Secundária Sá da Bandeira e é a única corista que não frequenta o conservatório.
Nenhuma delas, com excepção das irmãs, se conhecia antes de ingressarem no coro. Estabelecer novas amizades enquanto adquirem conhecimentos musicais tem sido uma combinação perfeita que lhes tem proporcionado muitos momentos de alegria e boa disposição, afirmam.
O MIRANTE assistiu ao ensaio do coro no Convento de São Francisco na véspera de realizarem um pequeno concerto no Festival Nacional de Gastronomia de Santarém. Antes do ensaio começar o nosso jornal falou com as sete cantoras mais jovens para ficar a conhecer os seus gostos musicais e o que as liga à música.
Jennifer, de 11 anos, chegou a Santarém vinda do Brasil há cerca de ano e meio e diz que todos os dias se apaixona mais pela cidade onde viveu o descobridor do seu país de origem, Pedro Álvares Cabral. A integração na Escola EB2/3 Mem Ramires tem sido “fantástica” porque, ao contrário do que pensava, os portugueses são muito acolhedores e simpáticos. Os seus gostos musicais são muito diversificados, só não gosta de rock and roll.
Pertencer ao coro do conservatório tem sido uma experiência muito enriquecedora, principalmente a nível social, porque, afirma, tem partilhado momentos de grande amizade e companheirismo com colegas da sua idade e mais velhos. “Os meus pais sempre me incentivaram a pertencer a grupos porque dizem que aprendemos mais rápido se fizermos as coisas em conjunto”, afirma Jennifer, com um sorriso no rosto.
As irmãs gémeas, de 11 anos, subscrevem essas ideias, acrescentando que a música as tem acompanhado desde que nasceram e que tem sido uma mais-valia para reforçar a sua união. “Em casa andamos em guerra por causa de tudo, menos da música. Nesse aspecto sabemos respeitar o espaço e os gostos uma da outra”, afirmam Beatriz e Filipa Duarte.
Há cerca de quatro anos começaram a dedicar mais tempo à música, ao ponto de admitirem que gostavam de fazer carreira, mesmo que fosse apenas nas horas livres. Para além de pertencerem ao coro, estão a aprender a tocar piano, por ser um instrumento que exige muita perícia e estudo e pouca gente sabe tocar.
Marta Martinho é a mais velha do grupo, com 16 anos. Sabe tocar vários instrumentos, como piano, guitarra, mas o que mais gosta é do acordeão. A O MIRANTE diz que não gosta de ler pautas, sentimento partilhado por todas as jovens: “Parece que estamos a ler chinês”, sublinha Jennifer, provocando uma gargalhada nas colegas.
A conversa das jovens com o repórter foi curta porque Beatriz Martinho, presidente do Conservatório de Música de Santarém, chamou-as para o ensaio. Dentro do convento sentaram-se em fila e começaram a aquecer a voz emitindo sons de vários tipos que, para quem nunca pertenceu a um coro, soam estranho. As sete amigas são a alegria do grupo que conta com cerca de meia centena de cantores.
“Santarém precisa de movimento associativo”
O coro do Conservatório de Música de Santarém foi fundado há cerca de uma dezena de anos. Beatriz Martinho cantou 24 anos no Coro do Círculo Cultural Scalabitano e como presidente do Conservatório de Música de Santarém decidiu, em conjunto com a sua equipa, fundar um coro que fizesse a diferença na comunidade local. “Sinto que as pessoas que fazem arte não se devem isolar. Devem oferecer os seus conhecimentos aos outros e é isso que pretendemos fazer neste coro”, afirma a O MIRANTE.
Neste momento, o grupo está a trabalhar num projecto de adaptação da obra principal de Carlos Paião, cantor e compositor que marcou a década de 80 em Portugal. “Vinho do Porto”, “Playback”, “Eu não sou Poeta” e “Lá longe Senhora” são algumas das músicas que o coro canta nos seus concertos. “São músicas mais apelativas e que podem trazer mais jovens para o nosso grupo. A cidade de Santarém precisa de movimento associativo e nós queremos fazer a nossa parte”, vinca a dirigente.