O regresso do sindicalismo como deve de ser e o criativo respeito pelas bases do BE
Inapelável Manuel Serra d’Aire
A geringonça de esquerda deu o peido-mestre e de repente o país descobriu que o Serviço Nacional de Saúde está de pantanas devido à falta de médicos; que há milhares de alunos sem aulas no ensino público desde o início do ano porque faltam professores; que há falta de efectivos nas Forças Armadas porque os jovens não querem ser militares e por aí fora. O paraíso dos últimos seis anos esfumou-se num ápice assim que os marxistas-leninistas e os trotskistas se começaram a afastar do aburguesado PS. E as greves e as acções de rua aí estão novamente em todo o seu esplendor após uns aninhos de tréguas que sempre tiveram um travozinho a enxofre.
Acredito que há por aí muito sindicalista (ou activista, como hoje se diz) que já devia estar entediado com tanto tempo de paz social. Um sindicalista que se preze, sem luta nas ruas, greves, plenários e manifestações, é como o Ronaldo sem golos ou um adolescente sem Internet: sente-se vazio e sem referências para se orientar neste vale de lágrimas.
Particularmente activas têm também andado as chamadas comissões de utentes que, como muita gente sabe, são extensões mais ou menos camufladas do PCP. Não é que eu tenha alguma coisa contra quem reclama melhores condições, seja na saúde, nas estradas ou noutros serviços ou infraestruturas públicos. Mas quando se reclama por tudo e mais alguma coisa, num país que não tem dinheiro para mandar cantar um invisual, receio que aconteça o mesmo que na história de Pedro e o Lobo: tanta vez o Pedro alerta que vem lá o lobo que, quando ele vem mesmo, já ninguém o leva a sério.
A direcção nacional do Bloco de Esquerda voltou a mandar às malvas a estrutura distrital de Santarém e as escolhas que esta fizera para a lista de candidatos a deputados e seleccionou novamente Fabíola Cardoso como cabeça-de-lista, como já acontecera em 2019. Registo o conceito de democracia dos bloquistas, o respeito pelas bases e a interpretação criativa da máxima “o povo é quem mais ordena”. Mas tendo em conta que o Bloco é um partido de inspiração trotskista, e sabendo-se dos métodos utilizados por Trotsky durante a revolução russa, a coisa ter ficado resolvida apenas com uns bate-papos mais azedos e uns bater de porta já não foi nada mau...
Manel a pandemia da Covid-19 parece o mar da Praia do Norte, na Nazaré: são vagas atrás de vagas e, segundo os especialistas, já estamos na quinta onda para surfar, agora com uma variante chamada Ómicron com origem na África austral. Pelos vistos vamos ter mais um Natal e uma Passagem de Ano mascarados, o que acaba por atenuar o facto de, provavelmente, irmos ficar sem Carnaval por mais um ano. E como eu gosto do Carnaval; não propriamente pelos disfarces ou pelas matrafonas peludas de Torres Vedras mas sim pelas imagens e ritmos que nos chegam, sobretudo, do outro lado do Atlântico. Haja saúde!!!
Saudações com as devidas distâncias do Serafim das Neves