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Exercer a cidadania é ganhar batalhas para um dia vencermos a guerra

Está instalada na classe política, principalmente nos políticos do arco do poder, a ideia e a convicção de que a cidadania é ter as pessoas a meterem o nariz onde não devem. Nada mais errado.

O MIRANTE entregou os prémios Galardão Empresa do Ano e Personalidades do Ano com uma presença muito significativa de convidados apesar de ainda estarmos em pandemia. O êxito da nossa iniciativa está firmado. A prova foram as intervenções e o nível dos premiados.

O Galardão Empresa do Ano teve pela primeira vez um novo formato e a abrangência a toda a nossa área de influência. Não tivemos ministros na cerimónia, mas tivemos as pessoas importantes que trabalham no nosso território. A entrega dos prémios Galardão Empresa do Ano nunca foi uma cerimónia para lançar balões, trinchar carne à mesa ou fazer conversa de babete ao peito. Se alguma vez aconteceu não fomos nós que pagamos o jantar.

Apesar de sermos uma região onde trabalham grandes empresas, como é o caso da OGMA, que foi uma das premiadas, temos que reconhecer que somos uma grande maioria de pequenos e médios empresários que fazemos girar o país criando emprego e pagando impostos. É assim desde o 25 de Abril. Portugal não cresceu porque a SONAE e a Jerónimo Martins começaram a comprar aos produtores borregos e vitelos para engorda antes de os enviarem para o matadouro e a carne chegar aos talhos das suas lojas. Portugal não cresceu porque os chineses compraram a EDP e os bancos estão quase todos nas mãos de capital estrangeiro. Portugal cresceu porque os pequenos e médios empresários portugueses são gente de raça e têm ainda sangue celta nas veias. Não chega. Temos gente muito medíocre no Governo a tratar dos nossos assuntos nomeadamente no sector económico. Basta ver o que tem acontecido à região ribatejana antes e depois da pandemia. Temos aldeias desertificadas a 50 quilómetros de Lisboa. O concelho de Sintra continua a crescer exponencialmente e as freguesias de Azambuja, Cartaxo, Santarém, Alpiarça e Chamusca, só para citar algumas que ficam mais perto, estão a cair na pobreza confrangedora de falta de população e de serviços essenciais.

Anda muita gente inábil e distraída por aí, a representar-nos como dirigentes associativos, sem perceberem que não há, nem haverá, empresas nem empresários de sucesso, onde não há poder de compra, e muito menos onde não há pessoas a viverem para sustentarem a mão-de-obra de que as empresas precisam. Quem são os dirigentes empresariais que têm coragem para se unirem e exigirem ao Governo que apoie os municípios a construírem habitação social para atraímos população, darmos vida às vilas e aldeias, revitalizarmos o país que nasceu com o 25 de Abril e está a ficar outra vez com os vícios dos tempos que cheirava a mofo?

Os empresários não são organizações do pontapé na bola; o que nos une é a luta contra o centralismo do Estado, os burocratas e os lobistas instalados no IEFP, no IAPMEI, em TODOS os organismos do Estado que seria fastidioso enumerar. Não esqueço o IEFP que é talvez o verdadeiro Ministério das Finanças dos organismos do Estado e que tem mais dinheiro para distribuir que, em certos anos, a Casa da Moeda. Infelizmente o IEFP é gerido por gente incompetente e funcionários pouco zelosos a confiar no que vamos sabendo.

Não tenho dúvida de que se os pequenos e médios empresários, que são a grande maioria da força empresarial em Portugal, estivessem melhor organizados em associação, outro galo cantaria nas repartições dos organismos públicos e, quem sabe, nos ministérios onde os chefes sem rosto mandam mais que os ministros. Os pequenos e médios empresários sempre foram e vão continuar a ser o farol da nossa economia; são eles que dão corpo às instituições de proximidade, que dão emprego, que proporcionam que o Governo não fuja com os médicos, com os centros de saúde, com o serviço público a que está obrigado, nas áreas que referi mas também nos transportes, no apoio ao ensino e à prática da cidadania. Está instalada na classe política, principalmente nos políticos do arco do poder, a ideia e a convicção de que a cidadania é ter as pessoas a meterem o nariz onde não devem.

A nossa missão como jornalistas, e cidadãos que têm o privilégio de acompanhar a vida pública, é demonstrar o contrário: trabalhar sem amarras e sem cedências àqueles que ficaram parados no tempo e não querem que os perturbemos na sua santa ignorância. JAE

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