uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Jorge Paiva: “Pandemias surgem da destruição de florestas”
Jorge Paiva, biólogo e investigador, esteve em Tomar onde realizou uma palestra sobre biodiversidade

Jorge Paiva: “Pandemias surgem da destruição de florestas”

Jorge Paiva, biólogo, professor e investigador, foi a Tomar realizar uma palestra sobre biodiversidade onde alertou para as consequências dos seres humanos estarem a destruir as florestas, o maior ecossistema terrestre. À margem da iniciativa foi atribuído ao carvalho-português que se encontra num jardim da cidade o nome do botânico de 88 anos.

As grandes pandemias e vírus da história da Humanidade foram provocados pela destruição de florestas. A afirmação é de Jorge Paiva, biólogo, professor e investigador, que foi a Tomar participar na 17º edição da Biodiversidade, uma iniciativa com a sua chancela e que pretende sensibilizar para as boas práticas ambientais.

O botânico afirma que a destruição de florestas origina a libertação de várias bactérias alojadas nas árvores e que potenciam a propagação de vírus nos animais que depois transmitem aos humanos. Foi o caso do vírus da imunodeficiência humana (VIH), o vírus da Sida, que teve origem nos chimpanzés selvagens numa região remota dos Camarões, em África. A situação pandémica actual, embora ainda sem certezas científicas, também terá sido causada pelas mesmas razões, segundo Jorge Paiva.

A palestra “Biodiversidade, Árvores e Singularidade” realizou-se no auditório da Biblioteca Municipal de Tomar e contou com a presença na plateia de cerca de uma centena de pessoas. Jorge Paiva apresentou um conjunto de imagens explicativas da origem de várias espécies de animais e plantas e de como os seres humanos estão a contribuir para a sua extinção destruindo reservas naturais para alimentar o negócio da construção civil. “Portugal foi um carvalhal de norte a sul que foi sendo destruído nos últimos séculos. As florestas são os maiores ecossistemas terrestres de biodiversidade e nós estamos entretidos a destruí-los”, vincou.

Jorge Paiva partilhou várias fotografias de expedições que fez ao longo dos seus 88 anos de vida: esteve com uma tartaruga com mais de 100 anos, considerada uma das mais velhas do mundo; esteve junto a árvores com milhares de anos e de formatos incomuns e que pouca gente conhece, mas a sua experiência mais enriquecedora, contou, foi passar sete meses consecutivos acampado numa floresta a conviver com plantas e animais.

“Não levei nenhuma arma e nunca fui atacado por animais. Os seres humanos levam uma vida contranatura porque fazem aquilo que é socialmente aceite e não o que querem fazer; comemos e dormimos quando nos mandam, ao contrário dos animais que vivem na natureza. Se fossemos esses animais não vivíamos tantos anos, mas vivíamos livres”, salientou.

PRÉMIO QUERCUS E UM CARVALHO COM O SEU NOME

Antes da conferência a Associação Sociocultural e Ambiental 30Por1Linha, em parceria com o Agrupamento de Escolas Nuno de Santa Maria, dirigido por Celeste Sousa, atribuiu o nome de Jorge Paiva ao carvalho-português centenário que se encontra no jardim da zona envolvente à Biblioteca Municipal António Cartaxo da Fonseca.

O botânico foi ainda distinguido pela associação ambientalista Quercus com o prémio carreira por ser um exemplo de cidadania para a sociedade. Durante a entrega do prémio, uma professora de Tomar, que foi sua aluna na universidade, leu um texto escrito por uma das suas netas que sintetiza o seu perfil biográfico e a salienta a importância que tem tido na comunidade científica. “Jorge Paiva é um botânico português e um protector da natureza que dá tudo o que tem para tornar o planeta melhor (…) Identificou e deu nome a cerca de 140 plantas (…) Só fica mal disposto quando há incêndios e ataques à biodiversidade”.

Jorge Paiva nasceu em Angola e há 17 anos que participa em diversas iniciativas realizadas em Tomar para falar sobre biodiversidade e promover um jantar lusitano na Escola de Santa Maria do Olival. Aposentado, é licenciado em Biologia e doutorado em Recursos Naturais e Meio Ambiente. Foi investigador principal na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra onde leccionou algumas disciplinas. Foi também professor convidado na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra e nas Universidades de Aveiro, da Madeira, Vasco da Gama (Coimbra) e Vigo (Espanha).

Jorge Paiva: “Pandemias surgem da destruição de florestas”

Mais Notícias

    A carregar...