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Maioria dos casos de violência doméstica é testemunhada pelos filhos
Fátima Lopes, António Castanheira, Micaela Durão, Renato Bento, Luís Albuquerque e Otília Simões foram os intervenientes da tertúlia sobre violência doméstica no concelho de Ourém

Maioria dos casos de violência doméstica é testemunhada pelos filhos

Presidente da CPCJ do concelho de Ourém refere que em 2021 houve 174 sinalizações e que 167 desses casos deram origem a processos de promoção de protecção de menores.

“A minha tia enquanto levou porrada não aconteceu nada, mas quando ela denunciou o marido teve que fugir e esconder-se na Suíça até hoje”. O testemunho é de um aluno do ensino básico da professora Fátima Lopes, que também é conselheira para a igualdade no concelho de Ourém. A docente foi uma das intervenientes da tertúlia “Intervenção na violência – fragilidades e potencialidades”, que decorreu na sala-estúdio do Teatro Municipal de Ourém na tarde de quinta-feira, 25 de Novembro, data em que se assinala o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres”.

O presidente da Câmara de Ourém, Luís Albuquerque, deu conta que, no Médio Tejo, Ourém é o concelho que apresenta mais casos de violência doméstica e o segundo com mais casos do distrito de Santarém. A presidente da Comissão Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Ourém, Otília Simões, informou que em 2021 houve 174 sinalizações de violência doméstica e que 167 desses casos deram origem a processos de promoção de protecção de menores.

Trinta por cento dos casos dizem respeito a casos de violência doméstica directa mas se se alargar a situações de alcoolismo ou drogas, por exemplo, que podem levar a episódios de violência doméstica, o número aumenta para 47%. Em 2021 registaram-se 35 novos casos de violência doméstica no concelho de Ourém e 30 foram reabertos. Entre 68 a 80% de casos de violência doméstica são presenciados pelos filhos do casal.

“A violência doméstica transforma o lar, que deveria ser carinhoso, em algo perigoso onde as crianças se sentem inseguras e podem, também elas, serem vítimas de abusos. Tem que haver um grande trabalho por parte de todas instituições envolvidas para que se consigam romper e inverter estes ciclos de violência que se arrastam há décadas”, sublinhou Otília Simões.

A presidente da CPCJ de Ourém acrescenta que as mulheres vítimas de violência doméstica podem tornar-se agressivas e abusivas com os próprios filhos, resultado de todo o ambiente familiar em que vivem. As consequências de uma vida familiar com violência deixam as crianças e jovens com diminuição de rendimento escolar, abandono escolar, ansiedade, depressão, falta de auto-estima, ataque de pânico e, em situações mais graves, podem atentar contra a própria vida.

“Estas vítimas, seja pais, mães ou filhos, estão a perder oportunidades de uma vida feliz e de sucesso. Ainda há um longo caminho a percorrer para que a violência doméstica deixe de ser uma triste realidade”, lamentou Otília Simões.

Médio Tejo unido contra a violência doméstica

O Espaço M em Ourém foi criado em 2011 e, só este ano, encaminhou 31 casos de violência doméstica para as entidades competentes. Sónia Santos, da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT), deu a conhecer o projecto Maria, uma área que a CIMT abraçou em 2018 e que trabalha com os 13 concelhos que abrangem a CIMT. Desde 2018 foram sinalizadas 107 situações na sua área de intervenção. Sónia Santos referiu que a CIMT está a contratar três psicólogos para trabalhar só na área da violência doméstica dada a importância da questão.

Maioria dos casos de violência doméstica é testemunhada pelos filhos

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