Euterpe Alhandrense mostra os seus pergaminhos ao celebrar 159 anos
Sessão solene encheu o auditório da colectividade para distinguir sócios com 25 e 50 anos de casa. À margem da iniciativa O MIRANTE falou com alguns dos elementos que confessam sentir orgulho por fazerem parte da história da associação mais antiga do concelho de Vila Franca de Xira.
O coro da Sociedade Euterpe Alhandrense, com mais de meio século em actividade, deu início à sessão solene, que se realizou a 1 de Dezembro, evocativa dos 159 anos daquela que é a associação mais antiga do concelho de Vila Franca de Xira. Jorge Zacarias, presidente da colectividade, realizou um discurso de boas-vindas que incidiu sobretudo nos desafios que as associações têm de enfrentar diariamente por causa da pandemia.
A Euterpe tem na sua oferta formativa as três principais artes performativas: dança, música e teatro. Para além disso, conta com centenas de atletas distribuídos por diversas modalidades desportivas, onde se destacam os trampolins e a ginástica acrobática. Jorge Zacarias salientou que só é possível escrever uma história com mais de século e meio porque se tem feito um caminho conjunto, onde as palavras “responsabilidade e ambição” estão presentes no vocabulário de todos. “Os alhandrenses têm provado que são um povo unido e com capacidade para construir um futuro assente em novas dinâmicas e onde a inovação é uma marca registada”, sublinhou.
O auditório da Euterpe Alhandrense encheu-se para distinguir cerca de quatro dezenas de sócios que completaram 25 e 50 anos de casa. Vítor Nogueira e o seu filho, João Nogueira, completaram 50 e 25 anos, respectivamente, de entrega e dedicação à colectividade. A O MIRANTE, Vítor Nogueira diz que tem acompanhado de perto a evolução da associação e o investimento que tem realizado na melhoria das infra-estruturas para que os jovens se sintam bem e tenham as condições ideais para a sua aprendizagem.
Vítor Nogueira está na associação desde os 19 anos e já assumiu diversas funções, nomeadamente as de voluntário, tesoureiro e vice-presidente. “Uma boa parte da minha vida pertence à Euterpe. Também foi aqui que conheci a minha esposa e mãe dos meus filhos”, conta com um sorriso no rosto.
Para Vítor Nogueira, “quem gosta realmente do associativismo não encontra nenhuma associação com os pergaminhos da Euterpe”. Recorda-se que, antes de aparecerem as novas tecnologias, o tempo era passado nas salas de convívio a jogar dominó, sueca, snooker, a ler ou a dançar em salões de baile repletos de alegria e boa disposição.
O seu filho, João Nogueira, é de outra geração, mas foi ouvindo as histórias do pai e adaptando-se à mudança dos tempos sem nunca perder o espírito que é necessário para fazer parte de uma associação da terra. Actualmente é um dos músicos com mais anos em actividade na banda da sociedade. “Toda a nossa família traz o nome da Euterpe bem cravado no coração. As minhas netas estão a dar seguimento ao legado e espero que aqui continuem por muitos anos”, afirma Vítor Nogueira.
SER DA EUTERPE É UM MODO DE VIDA
A O MIRANTE Jorge Zacarias também fala da Euterpe Alhandrense com emoção e não esconde que “é o principal projecto da [sua] vida e, mais do que isso, um modo de ser e estar”. Trabalhou na biblioteca da sociedade e assumiu a presidência em 1990, há 31 anos. O dirigente refere que quer continuar a “consolidar e afirmar” a colectividade, que conta com actividades praticadas semanalmente por mais de um milhar de pessoas.
Enfrentar os impactos da pandemia tem sido uma tarefa hercúlea mas Jorge Zacarias afirma que tem orgulho no trabalho que se está a fazer para recuperar os meses em que não existiram actividades e os atletas e artistas estiveram parados. “Não tenho dúvidas que vamos continuar a fazer da Euterpe uma referência na região e que as nossas bandeiras vão continuar a ser o ensino artístico especializado e a aposta séria nas modalidades desportivas”, sublinha.
Euterpe é uma escola de vida
Mário Cantiga, presidente da União das Freguesias de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz, afirmou sentir-se honrado por pisar novamente o palco do auditório de uma associação onde foi atleta durante vários anos. O autarca considera que a Euterpe é uma escola de vida, onde se formam cidadãos exemplares, assentes em valores e princípios de referência.
O sentimento também é partilhado por Marina Tiago, vice-presidente da Câmara Vila Franca de Xira, que fez parte da banda da sociedade onde diz ter aprendido valores como humildade e gratidão. A sessão solene terminou com a actuação da banda filarmónica que tocou quatro músicas.