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Família queixa-se de tratamento desumano a utente no Hospital de Torres Novas
Ana Gameiro e Luís Pintassilgo estiveram a cumprir isolamento profiláctico em casa. foto DR

Família queixa-se de tratamento desumano a utente no Hospital de Torres Novas

Luís Pintassilgo, doente psiquiátrico, abandonou a unidade de saúde desorientado e sem ter feito os exames de diagnóstico, inclusive o da Covid-19. Família queixa-se do mau atendimento, já o Centro Hospitalar do Médio Tejo diz que o tratamento foi adequado.

A família de Luís Pintassilgo, que sofre de doença psiquiátrica, exigiu o apuramento de responsabilidades pelo “tratamento desumano” prestado ao utente nas urgências do Hospital Rainha Santa Isabel, em Torres Novas. Com sintomas de infecção respiratória e suspeitas de Covid-19 deixou desorientado aquela unidade de saúde depois de ter passado mais de uma hora numa cadeira, proibido de pôr os pés no chão. O Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT) instaurou um processo de averiguação tendo concluído que “a situação clínica do utente foi adequadamente abordada pela equipa do serviço de urgência”.

O caso aconteceu no início de Novembro quando Luís Pintassilgo foi encaminhado pela Saúde 24 para o Hospital de Torres Novas. Estava debilitado e a passar mal. Ainda assim, segundo a esposa, Ana Gameiro, as funcionárias além de não o terem auxiliado durante o tratamento prescrito pelo médico, não lhe garantiram a privacidade e “não paravam de rir durante o tratamento”.

Numa segunda entrada na mesma unidade do CHMT, dias depois, a esposa foi impedida de o acompanhar, “mesmo depois de mostrar a declaração médica em como [tem] que o acompanhar nestas situações”.

Luís Pintassilgo estava com sintomas graves de infecção respiratória e suspeitas de infecção pelo vírus da Covid-19. Durante hora e meia, conta que esteve deitado num cadeirão com os pés levantados porque uma auxiliar lhe disse que estava proibido de o fazer uma vez que já tinha desinfectado o chão. Nesse tempo, garante Ana Gameiro, não foi observado por nenhum profissional de saúde.

Cansado de esperar na posição em que o obrigaram a ficar, Luís Pintassilgo implorou para o deixarem ir embora. Disseram-lhe que não podia. “Como não está bem mentalmente, estando indicado para ir ao psiquiatra por pensamentos suicidas, abriu a janela e disse a uma auxiliar que se atirava”, conta a esposa lamentando que quem assistiu tenha virado costas.

CHMT fala em desrespeito pelos profissionais de saúde e demais utentes

Segundo o casal de Torres Novas, Luís Pintassilgo acabou por abandonar o hospital, desorientado, sem acompanhamento, sem ordem e sem efectuar qualquer exame, nem sequer o da Covid-19. “O meu cão é mais bem tratado no veterinário do que ele foi naquele hospital. É desumano como tratam as pessoas”, afirma a esposa, indignada. Por outro lado, o CHMT assegura que o utente tinha “exames de diagnóstico em curso, nomeadamente teste ao SARS-Cov-2 que não realizou pelo abandono do serviço contra parecer médico”. O centro hospitalar esclarece ainda que “um doente encaminhado para área de isolamento não pode estar acompanhado” e lamenta “que o utente tenha adoptado uma postura desadequada e optado pelo abandono do serviço”, num desrespeito à equipa de profissionais de saúde e dos restantes utentes.   

O utente acabou por ser atendido na unidade de saúde destinada a doentes Covid-19 no Entroncamento, novamente encaminhado pela Saúde 24, onde foi diagnosticado com “uma infecção respiratória grave que já afectou um pulmão” e com Covid-19. “Aqui foi devidamente medicado mas pôs em risco várias pessoas pois se lhe fizessem logo o exame [no Hospital de Torres Novas] não teria estado tão exposto”, salienta Ana Gameiro, que juntamente com o filho ficou a cumprir o período de isolamento profiláctico.

Família queixa-se de tratamento desumano a utente no Hospital de Torres Novas

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