Polícias que vigiam passagem de nível de VFX sem abrigo nem casa-de-banho
Agentes contratados pela Infraestruturas de Portugal não têm refúgio contra o mau tempo nem sanitários que possam usar. Município vai tentar encontrar uma solução e aprovou proposta a exigir melhores condições para os agentes e que a alternativa à passagem avance.
Quando a vontade aperta os agentes da Polícia de Segurança Pública que estão a fazer serviço gratificado na passagem de nível do cais de Vila Franca de Xira são obrigados a usar as casas-de-banho dos cafés e restaurantes nas proximidades para satisfazerem as suas necessidades fisiológicas. A esquadra fica a meio quilómetro de distância. Também não têm qualquer abrigo ou resguardo para as situações de mau tempo ou frio, o que no Inverno representa um problema.
As queixas já se fazem ouvir e a Câmara de Vila Franca de Xira, apesar de não ser a responsável pelo serviço dos agentes, que são contratados pela empresa pública Infraestruturas de Portugal, quer ajudar a minimizar os incómodos e está a estudar uma solução.
“É preciso que se garantam condições de trabalho dignas para quem lá está. Os agentes entram em funções antes das 08h00 e terminam perto da meia-noite com turnos seguidos de quatro horas. Além das casas-de-banho nem têm um espaço para descansar ou tomar uma refeição”, lamenta Nuno Libório, vereador da CDU.
O autarca apresentou na última reunião pública do executivo uma proposta para que seja encontrada uma solução para o problema da passagem de nível. “Sabemos também pelos próprios que o pagamento dos gratificados não está a ser feito a tempo e horas. Disseram-nos que em Setembro ainda não tinham sido regularizadas as horas de trabalho efectivo feitas em Maio e Junho”, criticou.
Também David Pato Ferreira, da Coligação Nova Geração, afirmou ser sensível à falta de condições de trabalho a que os agentes estão sujeitos e lançou a proposta da sede da associação As Sentinelas, situada mesmo ao lado da passagem de nível, poder ser usada temporariamente pelos agentes quando necessitem. “Podem usá-la como zona de descanso, para comer e usar a casa-de-banho. Assim haja boa vontade para resolver o problema”, nota.
A proposta apresentada pela CDU e que foi aprovada por unanimidade exige que se desenvolvam contactos com o Ministério das lnfraestruturas e Habitação, no sentido da sua assunção de responsabilidades e soluções técnicas, para se eliminarem os factores de elevado risco ainda presentes naquela passagem de nível onde já morreram 29 pessoas em 13 anos.
Pede ainda o documento que a câmara diligencie junto do ministério por uma solução alternativa no mesmo local, “que sirva a cidade, os moradores do Cais e todos os utilizadores do Jardim Municipal Constantino Palha e passeio ribeirinho”, lê-se no documento. A proposta pede que sejam também garantidas as melhores condições aos agentes que se encontram no local ou a reposição de um guarda de linha.
O presidente do município, Fernando Paulo Ferreira, subscreveu a proposta, notando que “não traz nada de novo” ao que a câmara já andava a tratar sobre o assunto. “Vamos ver, no âmbito da modernização da Linha do Norte que aí vem, o que a Infraestruturas de Portugal vai sugerir em termos de intervenção naquela passagem”, concluiu.