Torres Novas paga obras para adaptar antigo colégio às necessidades da PSP
Município vai recorrer a empréstimo para pagar o projecto de requalificação e adaptação do Colégio Andrade Corvo, propriedade da Diocese de Santarém que vai ser utilizado pela Escola de Polícia.
O executivo da Câmara de Torres Novas aprovou o acordo de colaboração com a Polícia de Segurança Pública (PSP) para que o antigo Colégio Andrade Corvo seja requalificado e passe a ser utilizado pela Escola de Polícia, que precisa de novas instalações que respondam à necessidade de expansão. A proposta foi aprovada com os votos favoráveis do PS e PSD e uma abstenção do Movimento P’la Nossa Terra.
O projecto de requalificação do colégio, que está devoluto há vários anos, vai ficar a cargo da autarquia, que vai recorrer a um empréstimo para suportar o investimento previsto de 785 mil euros mais IVA. A PSP, por sua vez, vai pagar durante 15 anos (com possibilidade de renovação) uma renda anual no valor de 50 mil euros, pela utilização do espaço, à Diocese de Santarém, dona do imóvel que mantém com o município um contrato de arrendamento não habitacional.
O presidente do município, Pedro Ferreira, explicou que o protocolo surge da necessidade de dar uma nova utilização ao Colégio Andrade Corvo, que possui espaços com “excepcionais condições”, nomeadamente salas de aula, cozinha, parqueamento, balneários e pavilhão desportivo e da necessidade de crescimento da Escola de Polícia.
“Estamos perante uma oportunidade única, de reforçar as raízes da PSP em Torres Novas e o seu importante contributo socio-económico no concelho”, disse o autarca socialista acrescentando que está expectante quanto à “opção residencial de formadores e outros agentes colaborantes com este novo núcleo” que poderá contrariar “a queda de população evidenciada nos Censos 2021”.
Na assinatura do protocolo para a cedência das instalações que decorreu em Janeiro deste ano, recorde-se, o director nacional da PSP, Augusto Magina da Silva, referiu que o colégio tem instalações “espartanas” e é o edifício ideal para consolidar a presença da PSP em Torres Novas permitindo retirar pressão e densidade de formandos das instalações da Escola Prática.
Custos suportados pelo município não agradam à oposição
O vereador do PSD, Tiago Ferreira, embora tenha votado favoravelmente a proposta por entender que é “uma posição estratégica para o concelho”, quis evidenciar que o município está a investir num edifício que no futuro pode vir a ser adquirido pela PSP. Também o vereador António Rodrigues, eleito pelo Movimento P’la Nossa Terra, mostrou algumas reservas relativamente a este processo questionando a sua legalidade. “A Câmara de Torres Novas vai financiar o Governo, o Estado Português, numa obra de um milhão de euros num edifício que nem é nosso”, argumentou, vincando que a autarquia está a fazer de “banco” da PSP.
Respondendo a António Rodrigues, o líder do município disse que a autarquia se substitui ao Governo quando entende que podem “estar a perder oportunidades ou a prejudicar algum sistema”, dando como exemplo as obras no centro de saúde e Escola Secundária Maria Lamas, que só se concretizaram porque “o município se chegou à frente”.
A Diocese de Santarém já autorizou a utilização do imóvel pela PSP e a empreitada de requalificação e adaptação do espaço às necessidades da polícia, que incluem a transformação de salas em camaratas e balneários e substituição da rede eléctrica. As obras só avançam, explicou Pedro Ferreira, depois do acordo ter luz verde da secretaria de Estado do Orçamento e após visto do Tribunal de Contas.