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Três dezenas de famílias de Azambuja  perdem casa e desesperam por alternativas 
Inquilinos da Torre Sul de Azambuja são alguns dos que vão ter que entregar as chaves de casa ao longo dos próximos meses

Três dezenas de famílias de Azambuja  perdem casa e desesperam por alternativas 

Fundo proprietário dos imóveis decidiu não renovar os contratos a mais de 30 famílias de Azambuja e vendê-los a fundos internacionais. Os inquilinos, que têm um prazo para deixar as habitações, depararam-se com um mercado onde as soluções habitacionais estão esgotadas ou a preços que não conseguem pagar. O caso tem sido discutido na Câmara de Azambuja e já chegou à Secretaria de Estado da Habitação.

Pelo menos três dezenas de famílias de Azambuja estão a perder as casas onde vivem e temem ficar sem tecto devido à escassez de habitação na vila e aos preços elevados das rendas. Em causa estão casas que pertenciam a um fundo imobiliário que decidiu vender os imóveis a fundos internacionais depois de os inquilinos não terem exercido o seu direito de preferência na compra dos mesmos.
Os moradores, que estão revoltados com a situação, têm vindo a ser notificados pelo fundo imobiliário para deixarem as casas, havendo para alguns a possibilidade de continuarem caso aceitem um aumento no valor da renda, para perto do dobro do que pagam actualmente. “Valores a rondar os 600 euros no mínimo, o que para muitas famílias com filhos é difícil de suportar”, diz a O MIRANTE Catarina Alves, uma das moradoras que se viu obrigada a abandonar a casa onde viveu durante cinco anos.
Mãe de três filhos, Catarina Alves e o marido decidiram começar a procurar uma solução habitacional depois de terem sido notificados para sair. Um T3 a 600 euros foi a melhor oferta que encontraram. “É caro mas tivemos sorte ao fim de muito tempo à procura porque em Azambuja não há casas para arrendar e não vão haver certamente para todas estas famílias”, diz, acrescentando que o mais provável é que, embora não queiram, muitos vão ter que abandonar a vila ou o concelho.
Preocupada com o futuro de dezenas de famílias, que incluem crianças que frequentam as escolas da vila ribatejana, Catarina Alves fez o levantamento de todos os que estavam na sua situação, que posteriormente entregou à Câmara de Azambuja. “Sabemos que o que estão a fazer é legal, mas não deixa de ser uma vigarice que visa o lucro. O fundo percebeu que Azambuja tem muita procura e aproveitou-se disso para nos mandar embora e aumentar as rendas”, refere.

Câmara de Azambuja leva caso à Secretaria de Estado da Habitação
O assunto tem sido abordado em reuniões públicas do executivo da Câmara de Azambuja, inicialmente levantado pela vereadora do Chega, Inês Louro, que disse temer a perda de agregados familiares no concelho devido à falta de habitação disponível e a preços acessíveis.
A vereadora considera que alargando o programa do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), algumas destas famílias poderiam ser incluídas. Isto, explicou, se o município adquirisse facções com verbas do IHRU e as disponibilizasse para arrendamento acessível.
Admitindo que não é uma matéria de fácil resolução devido à falta de solução habitacional disponível para arrendamento no concelho, o vice-presidente do município, António Matos, levou a preocupação à Secretaria de Estado da Habitação, no sentido de se “perceber o que poderia ser feito em relação a estas pessoas que estão a viver o grave problema de ficarem sem casa”.
A conclusão a que se chegou, adiantou na reunião de câmara realizada a 23 de Novembro, é que “não se pode fazer nada” pelo menos para já uma vez que só daqui a seis meses é que o município pode fazer alterações à Estratégia Local de Habitação que podem, por sua vez, ser ou não aprovadas. No entanto, salientou, o município tem estado empenhado em encontrar soluções não só para aqueles que vivem em condições indignas, mas para “todos os outros que têm uma necessidade premente de habitação” (ver outro texto nesta página).

Idosos na lista das famílias que vão perder a casa
A maioria das famílias afectadas não são carenciadas, mas há casos, garante Catarina Alves, em que o são. Noutros imóveis, na Urbanização da Quinta dos Gatos, em Azambuja, “vivem idosos que pagam rendas muito baixas” e que além de terem que procurar casa num mercado de arrendamento esgotado vão ter que passar a “suportar rendas muito altas”.
Uma das soluções apontadas seria a inclusão destas famílias mais carenciadas num dos bairros de habitação social do concelho, ocupados por muitos que não pagam ao município o valor da renda. Na vila de Azambuja, por exemplo, num universo de 75 famílias a residir em habitações sociais, metade não paga a renda. A dívida, recorde-se, atingiu em Outubro deste ano o seu valor recorde de 408 mil euros, sem qualquer taxa de juros de mora.

Três dezenas de famílias de Azambuja  perdem casa e desesperam por alternativas 

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