Programa de milhões para reduzir incêndios e proteger floresta na Lezíria do Tejo
Comissão Sub-Regional de Gestão Integrada de Fogos Rurais da Lezíria do Tejo gizou um plano de acção que prevê um investimento de mais de 300 milhões de euros até 2030 para reduzir o risco de incêndios rurais graves.
A Comissão Sub-Regional de Gestão Integrada de Fogos Rurais da Lezíria do Tejo aprovou um programa de acção que prevê um investimento entre 315 e 330 milhões de euros até 2030 para reduzir o risco de incêndios rurais graves. Segundo um documento a que a Lusa teve acesso, o plano define várias metas para a próxima década, entre elas reduzir a área ardida para menos de 3.400 hectares por década e certificar 28% da área florestal com gestão sustentável.
O plano pretende ainda diminuir em 80% as ignições por negligência ou intenção face à média registada entre 2010 e 2019. A estratégia assenta em 16 projectos considerados “transformadores”, que incluem a “gestão agregada de territórios”, a criação de “mosaicos para compartimentar a paisagem e reduzir a propagação do fogo”, a instalação de “redes primária e secundária de faixas de protecção” e “acções de vigilância e programas educativos para modificar comportamentos”. Estes projectos, segundo o documento, representam cerca de 75% do investimento total.
Outra das prioridades é a execução da rede secundária de faixas de gestão de combustível e a instalação de “2.817 hectares de áreas estratégicas de mosaicos”. A região dispõe actualmente de 5.765 quilómetros de rede viária florestal, 775 pontos de água e seis torres de videovigilância para apoiar as operações de prevenção e combate a incêndios.
O plano define como áreas prioritárias os municípios de Almeirim, Azambuja, Chamusca, Coruche, Rio Maior, Salvaterra de Magos e Santarém, áreas que “correspondem às classes de perigosidade ‘alta’ e ‘muito alta’, e estão sujeitas a medidas especiais de protecção”.
Para o comandante do Comando Sub-Regional da Protecção Civil da Lezíria do Tejo, Hélder Silva, a redução do número de ignições é “o grande objectivo” do plano. “Ao haver menos ignições, há menos potencial para haver grandes incêndios. É isso que se quer: criar menos ocorrências e garantir que, quando acontecem, não sejam grandes”, afirmou à Lusa.
O responsável considera possível atingir a meta de menos 80% de ignições até 2030, lembrando que, “nos últimos dez anos, já se reduziu muito o número de ignições, embora ainda não seja o suficiente”.
Hélder Silva sublinha também a importância da participação das populações e dos proprietários rurais. “Isto é aquele velho slogan da Protecção Civil: ‘somos todos nós’ e começa pelo pequeno proprietário. Mas não vale a pena o pequeno proprietário fazer um trabalho caro e árduo se depois a parcela grande não é limpa”, alertou.
De acordo com o plano, o orçamento global distribui-se por quatro eixos: 84% para “cuidar os espaços rurais”, 11% para “valorizar os espaços rurais”, até 2% para “modificar comportamentos” e cerca de 4% para “gerir o risco eficientemente”. As fontes de financiamento incluem o Fundo Ambiental, o Plano de Recuperação e Resiliência, o PEPAC, programas operacionais e verbas do Orçamento do Estado.
Além das metas operacionais, o programa prevê acções de valorização económica e ambiental, como a “certificação florestal, a promoção da multifuncionalidade dos sistemas agroflorestais e a diversificação da economia rural”.
Está também prevista a criação de mecanismos de remuneração para proprietários que prestem serviços de ecossistema, bem como incentivos à “gestão agregada de propriedades”. Este documento está em consulta pública e encontra-se disponível para consulta na sede da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo.

