Chefe de Finanças de Benavente arguido na operação que investiga venda do antigo edifício da FPF
O caso da venda de um antigo edifício da Federação Portuguesa de Futebol, em Lisboa, está a ser investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Judiciária e já tinha levado à constituição como arguidos do ex-deputado socialista António Gameiro e de outros intervenientes no negócio.
A operação “Mais-Valia”, conduzida pela Polícia Judiciária e pelo Ministério Público, ganhou novos desenvolvimentos com a constituição como arguido de um chefe da repartição de Finanças de Benavente. Em causa está a alegada suspensão irregular do pagamento de cerca de 800 mil euros em Imposto Municipal sobre Transmissões (IMT) no âmbito da compra e posterior revenda do edifício que, durante décadas, acolheu os serviços da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), na Rua Alexandre Herculano, em Lisboa. O imóvel foi vendido em Abril de 2018 pela FPF à empresa Excellent Dimension, por 11,2 milhões de euros, e revendido dois anos depois por 13,8 milhões.
De acordo com a revista Sábado, a mudança de sede da empresa de Alenquer para Benavente, em 2020, terá permitido a suspensão do pagamento do imposto, decisão que agora está sob investigação e que motivou a constituição do responsável das Finanças como arguido. O caso envolve também o ex-deputado socialista de Ourém António Gameiro, o empresário Carlos Marques e o antigo secretário-geral da FPF, Paulo Lourenço, advogado que foi eleito pelo PS na Assembleia Municipal de Abrantes, entre outros.
A investigação centra-se na teia de relações entre estes intervenientes, que alegadamente beneficiaram do negócio através do pagamento de comissões e transferências bancárias suspeitas. António Gameiro terá recebido comissões das duas partes envolvidas na venda do imóvel, num total superior a 700 mil euros. Parte desse valor terá sido transferido para uma sociedade de advogados da qual fazia parte Paulo Lourenço. O ex-dirigente federativo negou qualquer envolvimento em actos ilícitos, afirmando que os valores recebidos se referem a honorários de advocacia.
A operação “Mais-Valia” foi desencadeada em Março deste ano, no mesmo dia em que o antigo presidente da FPF, Fernando Gomes, tomou posse como presidente do Comité Olímpico de Portugal. Apesar de ter sido alvo de buscas, Fernando Gomes não é suspeito no processo. O Ministério Público continua a apurar se houve favorecimento, corrupção ou abuso de poder na alienação do património da FPF e na forma como o negócio foi intermediado.

