Sociedade | 08-04-2005 11:16

Monge pedófilo reafirma confissão de abuso sexual

“Façam o que quiserem. A minha vida está estragada”, foi esta a última declaração do monge da Igreja Ortodoxa que está acusado de ter abusado sexualmente de uma criança de cinco anos e de um rapaz de 11 anos. O arguido falou no encerramento da última sessão do julgamento, na segunda-feira, no Tribunal de Vila Franca de Xira onde foram feitas as alegações finais.Francisco Valoroso Pereira, 35 anos, (Frei Serafim na Igreja Ortodoxa) reafirmou que manteve contactos sexuais com a menina num mosteiro da Quinta da Granja, Cachoeiras, Vila Franca de Xira, mas mostrou arrependimento pelos actos praticados entre Janeiro e Agosto de 2003. O arguido que está preso preventivamente voltou a negar o seu envolvimento com o rapaz. Os exames médicos periciais revelaram que o rapaz foi violado e que a menina mantêm a virgindade anatómica.O Ministério Público está convicto de que o julgamento confirmou a acusação e pediu a condenação do arguido por sete crimes. Nas alegações finais, o procurador Vítor Paiva defendeu a condenação por três crimes de abuso sexual agravado, dois crimes de relações sexuais entre as duas crianças para satisfazer o prazer do arguido, dois crimes de exibição de revistas pornográficas para excitar os menores. O procurador considerou que a prova foi feita com base nas confissões do arguido e os depoimentos das crianças e das testemunhas. O procurador pediu a condenação “com prisão efectiva e com o critério a que a justiça já habituou a sociedade”.O advogado de defesa, Vítor Matos considerou que o arguido deve ser condenado apenas por um crime de abuso sexual que confessou. “É um crime hediondo e que merece ser condenado”, disse. Quanto aos restantes crimes, o advogado pediu a absolvição porque “ficam muitas dúvidas”. O advogado referiu que quanto foi nomeado para defender o arguido pensou pedir escusa porque perante a gravidade dos factos que constavam na acusação chegou a pensar estar perante um “monstro”, mas segundo o causídico, o desenrolar do processo provou que o arguido não foi o autor da maioria dos factos de que é acusado. O defensor considerou que os depoimentos dos menores e de algumas testemunhas foram preparados e influenciados por adultos ligados à comunidade e por isso não devem ser relevados. Vítor Matos elogiou a celeridade com o que o processo decorreu, a forma como o julgamento foi conduzido pelo colectivo, e a postura do Ministério Público que retribuiu os elogios.No final da sessão, que, pela primeira vez decorreu com a porta da sala de audiências aberta, a juíza presidente Hermínia Oliveira informou as partes que tinha recebido uma carta de um representante da igreja ortodoxa onde é referido que a comunidade religiosa liderada pelo Arcebispo João foi excomungada e que o grupo instalado nas Cachoeiras é “um bando de malfeitores”. O MIRANTE apurou que na missiva são focadas várias questões que podem merecer a investigação do Ministério Público. Recorde-se que durante o julgamento, o arguido acusou o líder da comunidade (Arcebispo João) e outros elementos de abuso sexual de vários menores e apelou à investigação da comunidade. A leitura da sentença está marcada para 20 de Abril. Nelson Silva Lopes

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