Sociedade | 25-08-2005 11:36

Cremações estão a aumentar na região

Há cada vez mais pessoas que pedem para ser cremadas depois de falecerem. Como não há fornos na região os corpos têm que ser transportados para Lisboa. Mesmo assim as despesas não são superiores às de um funeral normal. O número de cremações na região tem vindo a aumentar. Apesar da subida não ser significativa, as pessoas começam a interessar-se por um método que os agentes funerários consideram mais higiénico e menos burocrático. Três das principais agências funerárias ribatejanas fazem em média um serviço de cremação por mês. Há uns cinco anos faziam dois ou três por ano. João António, da Funerária Scalabitana, em Santarém, considera que só não há mais pessoas na zona a pedir para serem cremadas após a morte porque ainda se julga que o serviço é muito caro. Que custa mais de cinco mil euros. Mas, garante, o valor da cremação fica pelo preço de um funeral normal com inumação (enterro) do corpo. Ronda os 1.000 a 1.500 euros. Como prova de que o método de redução de cadáver (ou ossadas) a cinzas tem vindo a ter mais procura está a abertura de um segundo forno crematório na zona de Lisboa, no cemitério dos Olivais. Até agora as agências do distrito de Santarém e de Vila Franca de Xira recorriam ao cemitério do Alto de São João. A abertura do segundo equipamento fez com que o tempo de espera diminuísse. Às vezes esperava-se oito dias por uma vaga. Agora o tempo de espera não vai além de dois dias, diz José Oliveira, da Agência Nova, de Tomar. Além de Lisboa, o forno mais próximo da região situa-se no Porto.Não há um público tipo que procure este tipo de serviço. “São pessoas de várias idades e classes que manifestam vontade de serem cremadas”, salienta Teresa Vale, da Agência Funerária Vilafranquense. E acrescenta que a média de uma cremação mensal pode parecer pouco, mas é uma grande evolução de há dois anos a esta parte. “Durante muito tempo não chegava a fazer uma por ano”, explica. Para alguém ser cremado, diz José António, não é preciso nenhuma formalidade especial. Basta um familiar dirigir-se à agência funerária e solicitar o serviço mediante o preenchimento de um requerimento. Depois marca-se o dia da cremação consoante a disponibilidade dos cemitérios, onde se entrega esse requerimento acompanhado do boletim de óbito. Nos cemitérios é feito um registo interno com os dados do defunto, do familiar que solicitou a cremação, a data e hora e atribui-lhe um número. As cinzas são colocadas num pote próprio fornecido pelas agências funerárias, onde é gravado o número de registo na tampa. Há potes de diversos materiais. Metal de várias cores, vidro ou porcelana. Depois de sair do cemitério os familiares podem fazer o que quiserem com as cinzas, já que o destino das cinzas é livre, segundo o Decreto-Lei nº 411/98 de 30 de Dezembro. E isso constituiu uma grande vantagem porque não é preciso comprar terreno nos cemitérios, pagar taxas...Podem ser atiradas ao mar, como se vê nos filmes. “Há um ano fizemos uma cremação em que a senhora tinha pedido em vida para que as cinzas fossem despejadas no rio”, conta José Oliveira, da agência de Tomar. Podem também ser transportadas como cada um quiser, no porta-bagagens do carro, numa mala... “Há pessoas que colocam as cinzas dos seus entes queridos no jardim de casa”, reforça José Oliveira. Mas nem sempre foi assim, lembra Teresa Vale, da Funerária Vilafranquense. Antes desta legislação a pessoa tinha que deixar expresso em vida que queria ser cremado. Era necessário estar preto no branco em testamento ou numa declaração com assinatura reconhecida. Agora basta convencer os familiares. Nessa altura o destino e transporte das cinzas também estava limitado. Só podiam ficar depositadas no cemitério e apenas podiam circular em carro funerário e para outro “campo-santo”. Tal como acontece ainda com as ossadas e corpos. Os agentes funerários calculam que a cremação vai ser a solução do futuro, até porque resolve o problema da sobrelotação dos cemitérios e evita problemas de saúde que podem acontecer em caso de catástrofe natural. Mas é preciso vencer alguma resistência das pessoas mais velhas que tradicionalmente sempre associaram a morte à inumação do corpo.

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