Sociedade | 10-10-2008 07:34
Cantor Carlos Mendes condenado a pagar 245 mil euros à Planotejo
O cantor Carlos Mendes, actor que participou na novela Morangos Com Açúcar e a esposa, a pintora Maria Helena Mendes, foram condenados a pagar mais de 245 mil euros à Planotejo. A dívida refere-se ao pagamento de trabalhos de construção de uma moradia de dois pisos no casal na Quinta da Lua, em Casais da Aroeira, Santarém que foi entregue em 1997. Mais de metade do valor (cerca de 124 mil euros) é de juros moratórios.A Cooperativa Ribatejana de Construção Civil CRL requereu a execução da sentença condenatória em Novembro de 2006. Quase dois anos volvidos, ainda não viu a cor do dinheiro. A dívida continua a acumular juros, mas de nada vale à cooperativa. Pedro Carlos, administrador da construtora de Alpiarça, cuja insolvência será decidida na segunda-feira, 13 de Outubro, acusa o cantor e a mulher de contribuírem para a morte da Planotejo. A “falência” da construtora atirou 84 pessoas para o desemprego em 2004 e deixou os directores da cooperativa inibidos de passarem cheques. Mas o cantor é apenas um dos devedores. As câmaras de Alpiarça, Entroncamento e Santarém, e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo estão na lista dos “caloteiros”. A cooperativa reclama mais de dois milhões de euros a entidades públicas e privadas e acumula dívidas superiores a 800 mil euros. “Pediram a insolvência por uma dívida de 10 mil euros, quando nos devem tanto dinheiro. É uma injustiça”, refere Pedro Carlos.A insolvência foi requerida por uma empresa fornecedora de rebocos que interveio na construção do Centro de Saúde de Santarém. Contactado por O MIRANTE, o cantor Carlos Mendes referiu que está disponível para pagar a dívida cumprindo a sentença do Tribunal de Santarém, mas frisa que a decisão judicial também condenou a Planotejo a reparar um conjunto de defeitos da casa onde vive há cerca de 10 anos. “Os senhores nunca cumpriram com a decisão do tribunal. Eu vivo numa casa que não tem condições de habitabilidade. Tenho um sala que não utilizo há anos e um piano destruído porque caiu uma viga em cima”, adianta. O cantor alegou ainda que uma inundação provocada por defeitos da casa estragou um quadro de elevado valor artístico, mas o tribunal considerou que o pedido não teve “base substantiva.”Carlos Mendes adianta que, dado que “a construtora não tem condições para reparar os defeitos da casa terá que ser outra empresa a fazer e depois faremos o acerto de contas”. O cantor formado em arquitectura admite que o valor da dívida seja semelhante ao da reparação dos danos. Versão diferente tem o construtor que afirma que as reparações que terão de ser feitas “não ultrapassam os 10 mil euros”.A sentença a que O MIRANTE teve acesso refere que a Planotejo terá de corrigir pinturas e rebocos interiores e exteriores; substituir pedra da cozinha; corrigir empeno das portas de pinho e das vigas do tecto da sala; reparar abatimentos da calçada, chão de madeira da moradia e ferros enferrujados e substituir grades das janelas por outras de maior resistência.Pedro Carlos refere que estes defeitos resultam da aplicação de materiais de menor qualidade “porque o senhor quis gastar o menos possível” e alega que o prazo da garantia já foi ultrapassado. Carlos Mendes e a esposa têm a casa penhorada devido ao pedido de execução da sentença condenatória apresentado pela Planotejo. O imóvel está à venda em várias imobiliárias por um valor muito superior ao da dívida a que foi condenado a pagar. CAIXA Estado e câmaras são os maiores caloteirosA Cooperativa Planotejo reclama da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) quase meio milhão de euros. Segundo Pedro Carlos há uma acção em tribunal a reclamar o pagamento devido ao processo de interrupção da construção do Centro de Saúde de Castanheira do Ribatejo, Vila Franca de Xira. A ARSLVT confirma que está em curso um processo que aguarda decisão do tribunal, mas não adianta montantes. O gestor da construtora reclama mais de um milhão de euros de organismos públicos e lamenta que seja o próprio Estado a matar a cooperativa. “Se fosse uma grande empresa já estava resolvido, mas a lei deve ser para todos. Vamos aguardar decisão do tribunal”, disse. A cooperativa reclama também 800 mil euros de uma obra realizada no Hospital de Santa Marta em Lisboa que está também em contencioso.Segundo Pedro Carlos, a Câmara de Alpiarça deve 250 mil euros (dívidas e juros) e a do Entroncamento tem uma dívida de 34 mil euros. Mais recente e mais pequena é a dívida da Câmara de Santarém que o gestor diz ser na ordem dos oito mil euros.Entre os devedores privados há meio milhão de euros por cobrar, sendo 200 mil euros incobráveis porque os “caloteiros” não têm condições para pagar. “Algumas das empresas já nem existem”, conclui.
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