Sociedade | 11-10-2017 15:17

"Se eu mandasse todos os dias os caloiros mexiam em bosta”

"Se eu mandasse todos os dias os caloiros mexiam em bosta”

Presidente da associação de estudantes comenta as praxes académicas na Escola Agrária de Santarém.

Ivan Ferreira, presidente da Associação de Estudantes da Escola Superior Agrária de Santarém, admite a existência de uma praxe dura na ESAS. Defende que os novos alunos passem por esse processo para que no fim se possam considerar ‘charruas’, acrescentando que não é qualquer um que merece essa denominação, tal como não deve ser qualquer um a ter a honra de vestir o traje académico da Agrária. E embora os alunos que não integrem as praxes académicas também o possam usar, confessa que os ‘charruas’ não vêem essa situação com bons olhos.


Ivan não compreende como é que um caloiro pode ficar ofendido por ter de mexer em bosta ou nos animais, visto que é algo a que o seu curso obriga. “Vão ter de o fazer a vida inteira, pois é a vida que escolheram”, diz acreditando que a praxe pela qual passam os futuros ‘charruas’ é fundamental para que cresçam enquanto pessoas, ajudando-os a prepararem-se para o futuro. “Se eu mandasse, todos os dias os caloiros mexiam em bosta. Tenho uma pena enorme de o não ter feito todos os dias quando fui caloiro”.


O presidente da associação de estudantes da ESAS diz estar ciente da má fama que a Escola Agrária possui no que toca a praxes, mas diz que as pessoas não podem esperar que as praxes realizadas ali sejam iguais às do resto do país. Admite ser verdade que cortam o cabelo a todos os rapazes que entram para a Agrária pois faz parte da tradição das suas praxes, sendo vista como uma falta de respeito a recusa dos alunos em fazê-lo.


Esclarece ainda que a dureza das praxes é muito subjectiva, uma vez que nem todos possuem a mesma resistência física e psicológica. Além disso, o aluno da Agrária tem o direito de expressar a sua vontade em não participar nelas. E caso haja abusos por parte de algum dos praxantes existem sanções para essas situações. “O exemplo vem de cima nesta escola, os mais velhos têm a obrigação de dar o exemplo aos mais novos no decorrer da praxe”.


É grande a especulação que envolve as praxes da ESAS e só mesmo quem as aceita pode dizer que sabe do que fala. “Quem quiser saber como é a nossa praxe tem de vir para a Agrária ser praxado”, diz Ivan Ferreira.

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