A luta do tetraplégico de Abrantes captou a atenção das cúpulas do Estado
Eduardo Jorge quer ver em funcionamento os Centros de Apoio à Vida Independente.
Eduardo Jorge reclama melhores condições para as pessoas deficientes em situação de grande dependência e esteve em protesto junto à Assembleia da República, onde foi visitado pelo Presidente da República e pela secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência.
Eduardo Jorge, um tetraplégico natural do concelho de Abrantes que esteve em protesto no fim-de-semana à porta da Assembleia da República, suspendeu a iniciativa no domingo à noite, após ter garantias da realização de uma reunião na terça-feira, 4 de Dezembro, com responsáveis de organismos do Estado para tentar encontrar uma solução para os problemas que tem exposto. O objectivo foi mostrar a importância da assistência pessoal e da necessidade urgente de tornar realidade os Centros de Apoio à Vida Independente (CAVI).
Em declarações à agência Lusa, Eduardo Jorge explicou que foi visitado ao final do dia de domingo pelo Presidente da República (PR), Marcelo Rebelo de Sousa, e pela secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, a quem explicou os motivos do protesto e pediu alterações na legislação para que os problemas detectados fossem resolvidos.
Em causa está o atraso no arranque dos Centros de Apoio à Vida Independente e o modelo adoptado para o arranque de um projecto piloto, que impossibilita o apoio de um assistente pessoal que não obrigue as pessoas com deficiência a abandonar as suas residências. Para o manifestante, o modelo actual não é suficiente: “é mais um apoio domiciliário para as IPSS que continuam com os vícios das esmolas e do assistencialismo”.
Eduardo Jorge diz que desmobilizou “graças ao PR” que, com a secretária de Estado presente, disse que era preciso “conversar e [ver] se não se poderia alterar o decreto-lei ou fazer uma adenda”. “Aí, então, marcou-se esta reunião”, sublinhou.
Eduardo Jorge apontou as dificuldades que têm as pessoas na sua condição, que estão em lares/ERPI (Estrutura Residencial para Idosos), em poder optar por continuar lá, mas, ao contrário do que a Lei define, não terem assistência 24 horas/dia no exterior.
“Se eu à noite sair do trabalho, ou da instituição, posso querer ir para minha casa, ou até, por exemplo, durante um período de férias, mas o lar não nos dá esse apoio fora”, explicou, apontando igualmente que as verbas disponibilizadas para este tipo de apoios não chegam para as necessidades.