Sociedade | 21-07-2019 15:00

Uma história de superação e alegria de viver

Uma história de superação e alegria de viver
LUTA

Jovem de Tomar nasceu com graves deficiências mas ultrapassou barreiras e faz uma vida normal.

Sílvia Silva teve uma gravidez de gémeos normal e os exames realizados deram sempre resultados normais. Só quando Rodrigo e Tiago nasceram, em Novembro de 2005, é que a mãe descobriu que Tiago nasceu sem pernas, sem um braço e a mão direita tinha os dedos colados. Além disso, o bebé nasceu com graves problemas de audição e sem força nas pálpebras. Sílvia demorou três dias para aceitar a condição do seu filho.

“O Rodrigo nasceu primeiro e colocaram-no no meu colo por uns momentos. O Tiago nasceu quatro minutos depois e levaram-no logo sem mo deixarem ver. Percebi que se passava alguma coisa, só não sabia o quê. Quando o trouxeram disseram-me que ele não tinha os membros e se queria que o despissem para eu o ver. Respondi que não. Estive três dias sem querer ver o meu filho, porque o primeiro diagnóstico que fizeram é que não sabiam se iria sobreviver. Depois parece que acordei para a vida e aceitei o meu filho”, recorda a O MIRANTE.

A técnica de informática no Instituto Politécnico de Tomar agradece por não ter sido detectada nenhuma malformação no seu filho durante a gravidez porque, além de ser contra o aborto, teve uma gravidez sem percalços nem ansiedade. “Acho que estas crianças têm uma missão na vida e devem vir. Acredito que o Tiago tinha que ser meu filho e sou abençoada por ser sua mãe”, afirma.

Um mês após o nascimento dos seus filhos, o pai dos bebés morreu num acidente de viação deixando Sílvia sozinha a cuidar das crianças, apenas com o apoio dos avós dos meninos. “Foram duas grandes lições que tive na vida, que nem sempre é fácil, mas temos que aceitar o que nos acontece e viver um dia de cada vez. Tenho dois filhos maravilhosos e que são o melhor da minha vida”, garante.

Quem conhece Tiago fica rendido à sua boa disposição e alegria. O jovem, de 13 anos, participou no filme “Dreams”, um vídeo promocional para os Paralímpicos de Portugal, que venceu o prémio Mairie, do Festival de Cannes [França]. O facto de não ter pernas e um braço não o impede de fazer o mesmo que os outros. Tiago já praticou natação e adora montar a cavalo.

“Não interessa como caímos, o que importa é como nos levantamos”

O filme em que participou mostra a boa relação que tem com o seu cavalo preferido, Tiebe. As filmagens decorreram no Centro Equestre de Tomar e contaram com a ajuda do dono do espaço, Vítor Rodrigues. Quando não tem as próteses colocadas gosta de se deslocar numa trotinete verde ou num ‘overboard’ que lhe permite andar mais rápido. Actualmente, frequenta o ginásio onde faz passadeira e musculação. E garante que já teve algumas namoradas.

“O Tiago consegue ser autónomo. Entra e sai do carro sozinho. Faz a sua higiene diária no bidé. É um excelente aluno, só este ano é que correu menos bem porque os colegas já começam a ser mauzinhos mas conseguiu ter boas notas”, refere a mãe.

O irmão Rodrigo, que partilha a mesma turma, assume um papel protector em relação a Tiago e ambos são muito amigos. Durante a entrevista com O MIRANTE, que decorreu no Centro Equestre de Tomar, Tiago caiu à entrada para o picadeiro mas não se preocupou e levantou-se rapidamente. “As quedas fazem parte. Não interessa como caímos, o que importa é a forma como nos levantamos. Tenho que ser forte e isso é o mais importante”, afirma o jovem, que confessa perceber que as pessoas o olham de maneira diferente mas Tiago não se considera diferente dos outros. Cristiano Ronaldo e Bruno Fernandes são os seus ídolos e Tiago gostava de um dia participar nos Jogos Paralímpicos.

Paixão por cavalos depois de assistir a peça de teatro

A paixão de Tiago por cavalos surgiu há quatro anos quando foi com a sua família ver a peça “Viriato” do grupo de teatro Fatias de Cá, no Castelo de Almourol. Vítor Rodrigues, do Centro Equestre, que trabalha com o grupo de teatro, estava a cuidar dos cavalos que iriam entrar na peça quando percebeu que Tiago estava fascinado a olhar para os animais. “Perguntei-lhe se queria montar no cavalo, ele disse que sim e adorou. Desafiei-o a participar na gala equestre que realizamos todos os anos e em três semanas aprendeu a andar a cavalo e fez parte do nosso espectáculo. Desde então que vem às aulas de equitação com frequência e tem uma paixão enorme por cavalos”, conta Vítor Rodrigues.

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