Dia Mundial contra as Hepatites lembra objectivo de erradicação da doença até 2030
Nove em cada 10 pessoas com hepatite não sabem que estão infectadas
Hoje assinala-se o Dia Mundial contra as Hepatites, uma efeméride que, segundo a Direcção-Geral da Saúde, tem como objectivo clarificar aspectos referentes à infecção, sublinhar a sua prevalência a nível mundial, sensibilizar para a necessidade de investir na prevenção e informar os doentes, os seus familiares e a população em geral.
As comemorações de 2019 têm como tema "investir na eliminação da hepatite", um lembrete "oportuno que esta doença pode ser eliminada até 2030 com a afectação de recursos adequados e vontade política", recorda a Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com Arsénio Santos, coordenador do Núcleo de Estudos das Doenças do Fígado da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, os números são preocupantes. À escala mundial, as hepatites virais causam todos os anos a perda de 1,4 milhões de vidas, mas apesar do seu impacto, calcula-se que nove em cada dez pessoas com a doença desconheçam estar infectadas.
Estima-se que na União Europeia a prevalência da doença seja de 0,9 por cento para a infecção pelo vírus da hepatite B e de 1,1 por cento para o vírus da hepatite C, o que corresponde à existência de 4,7 milhões e de 5,6 milhões de infectados, respectivamente. Em Portugal, o número real de casos não é conhecido, mas o número de infectados por cada um destes vírus poderá aproximar-se dos 100 mil. Para o clínico os portugueses ainda desconhecem os riscos e as formas de transmissão das hepatites, o que é grave, uma vez que o diagnóstico deve ser feito o mais cedo possível e a grande aposta deve recair na necessidade de impedir a transmissão da doença.
O número de novos casos de hepatite B tem vindo a diminuir ao longo dos anos, fruto da vacinação universal de todos os recém-nascidos, implementada no país há cerca de 20 anos.
Na região, o Hospital de Dia de Doenças Infecciosas do Hospital Distrital de Santarém (HDS) segue actualmente cerca de 400 pacientes com hepatite C crónica. Existe ainda uma equipa de saúde do HDS que se desloca mensalmente ao Estabelecimento Prisional de Torres Novas para realizar consultas e rastreio de hepatites virais e vírus da imunodeficiência humana (VIH). Uma acção que resulta do protocolo assinado em Julho de 2018 entre os Ministérios da Justiça e da Saúde visando facilitar a vida tanto aos profissionais de saúde como aos reclusos, evitando a deslocação dos detidos ao hospital e fomentando a poupança de recursos.
O que é a hepatite
A hepatite é uma inflamação do fígado que pode desaparecer espontaneamente ou progredir para fibrose (cicatrizes), cirrose ou cancro do fígado. Os vírus da hepatite são a causa mais comum de hepatite no mundo. Pode também, ser causada por substâncias tóxicas como o álcool ou alguns medicamentos e doenças auto-imunes.
A hepatite viral consiste num grupo de doenças infecciosas que compreende as hepatites A, B, C, D e E.
As hepatites A e E são geralmente causadas por ingestão de alimentos ou de água contaminados, enquanto as hepatites B, C e D derivam do contacto com fluidos corporais infectados. A transmissão mais comum destes últimos tipos é através de transfusão de sangue, produtos sanguíneos contaminados e procedimentos médicos invasivos em que se utilizaram equipamentos contaminados. A transmissão da hepatite B pode ocorrer também através do contacto sexual.
Embora muitas vezes assintomática ou acompanhada de poucos sintomas, a infecção pode manifestar-se através de icterícia, urina escura, cansaço intenso, náuseas, vómitos e dor abdominal. O vírus da hepatite pode causar infecções agudas e crónicas, como, por exemplo, a inflamação do fígado, que pode levar o paciente a desenvolver cirrose e cancro hepático.
Quando o diagnostico é feito atempadamente a doença, por norma, tem cura.