Sociedade | 17-08-2019 18:00

O músico de Abrantes que escreve as letras, faz os arranjos e canta

O músico de Abrantes que escreve as letras, faz os arranjos e canta
CULTURA

A dedicação à música começou aos treze anos quando aprendeu a tocar guitarra, mas o primeiro CD só seria editado em 2015.

Fernando Lourenço responde no mundo da música como FerLo. Nascido em Abrantes, há 45 anos, o músico, com formação como técnico de som, compõe as suas melodias, faz os arranjos, canta e escreve as letras, maioritariamente em inglês, influência de perto de duas décadas de vida no Canadá de onde regressou há cerca de três anos.

Para breve tem agendado o lançamento do CD “Double or nothing”, cujo EP saiu em Fevereiro, com quatro músicas às quais tem juntado o lançamento de um novo tema por mês. Mais para o final do ano serão compilados todos os temas e editado o CD com o mesmo nome.

A sua discografia é recente. A estreia foi feita em 2015 com o CD “Out of place”, gravado no estúdio e escola de música Resonate, em Edmonton, Canadá. Mas a dedicação à música começou aos treze anos quando aprendeu sozinho a tocar guitarra. Desde então começou a compor poemas e a escrever, só não sabia ao certo se o que escrevia poderiam ser canções. “Eram ideias que colocava num papel. Escrevia sobre o que me acontecia, na altura já estava no Canadá, para onde emigrei com a família nos anos 80, e escrevia em inglês”, conta o músico.

Tinha alguns amigos numa banda de heavy metal e escrevia-lhes letras, mas descobriu que eram completamente adulteradas. “Esse foi o catalisador para começar a tocar e cantar eu mesmo as minhas letras”, revela.

Pink Floyd, Neil Young, Joni Mitchell, David Bowie, Elliott Smith, Nick Drake ou Depeche Mode são a sua inspiração, mas também a família: a esposa, os filhos (Madalena de 17 anos, Francisco com 13 e Teresa com cinco) “e as ex-namoradas”, confessa entre risos.

Um dos seus últimos temas “Sangue Raro” é cantado pela filha mais velha, que também participou no videoclipe de “All we want”, tema que integra o EP “Double or nothing”.

Quando escreve tem tanta facilidade de o fazer em português como em inglês, depende das primeiras palavras que lhe vêm à cabeça. No entanto, confessa que ainda não reúne material suficiente para um álbum inteiramente em português. Os novos temas são trabalhados no estúdio que possui na zona da Costa de Caparica, perto de Corroios, onde vive. “São temas que vou construindo por camadas, com muito corte e cose”, refere o músico que considera raro haver actualmente bandas a gravar em estúdio em conjunto. “Antigamente havia tolerância ao erro. Hoje em dia não há. Nada pode entrar fora do tempo”.

Além do formato físico os seus temas estão disponíveis em formato digital no Spotify e noutras plataformas, assim como no site Ferlomusic.com.

Raízes em Abrantes

Saiu de Abrantes ainda criança quando a família foi acompanhar o pai que trabalhava nos Estaleiros Navais de Lisboa (Lisnave), em Cacilhas, Almada. Todos os fins-de-semana a família regressava à Abrançalha, aldeia da freguesia de São Vicente. As memórias que ficam da região são a liberdade que havia na altura, o andar na rua livremente, subir às árvores e apanhar fruta. Recorda também com carinho as festas da Senhora da Luz, da Chainça, do Tramagal… “corria-as todas de bicicleta com os amigos”, conta-nos. O que também não lhe sai da memória são as couves com feijão da avó. “Tudo era bom, o leite, as couves, as batatas”, recorda, acrescentando que era ali que se abasteciam para mais uma semana de trabalho em Almada, para onde seguiam com o Renault 9 a abarrotar.

Fernando Lourenço regressa a Abrantes sempre que tem oportunidade. Esteve lá há pouco tempo, em visita aos familiares da terra, a acompanhar a mãe que continua a viver no Canadá. Passaram pelas Mouriscas, pela Abrançalha e pelo Rossio ao Sul do Tejo, onde o músico gostaria de mostrar o seu trabalho, num palco virado para o rio.

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